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Chegou o momento de repensar o uso dos estacionamentos dos shoppings?

A mudança de comportamento do consumidor gera, todos os dias, desafios diferentes para o mercado. Os shoppings já foram considerados os grandes centros de compra da sociedade. Com a onda digital, principalmente com o crescimento dos e-commerces, o quadro mudou, e eles se adaptaram como centros de convivência, mais conectados à experiência do cliente. No cenário que se desenha atualmente, uma nova reavaliação começa a ganhar espaço: o uso do estacionamento.

A concepção do shopping center envolvia a recepção de um consumidor que se deslocava por automóveis. Os grandes espaços, parte essencial da arquitetura de um empreendimento do tipo, também tem uma influência importante na receita do setor. O que se observa hoje é que, cada vez mais, o uso do transporte particular está passando por uma transformação.

Mesmo que os carros ainda sejam a principal forma para se chegar a um shopping, o fato é que seu uso está diminuindo. Um estudo sobre mobilidade urbana realizado pela Kantar aponta que, até 2030, a utilização de carros deve cair 28% em São Paulo, grande metrópole brasileira. A grande tendência aponta para o uso das bicicletas.

O modal também ganhou destaque durante a pandemia. Uma pesquisa realizada pelo DataFolha, encomendada pela Uber, mostra que 38% dos brasileiros consideram a bicicleta o modo mais seguro para se locomover durante o isolamento, enquanto 35% preferem os aplicativos de viagem. O estudo Future of Mobility indica que cerca de 60% dos brasileiros que fazem uso de serviços como Uber, 99 e apps de bike sharing, como Bike Itaú, já pensam em deixar de ter carro próprio nos próximos dez anos.

Nesse sentido, a saída do setor é se adaptar. “Hoje, muitos shoppings já possuem espaços especiais para os carros de aplicativo, além de um espaço separado para os táxis. Antes da pandemia, isso já acontecia em eventos como shows, festivais e no Carnaval, como um reflexo da adesão dos brasileiros a essa forma de transporte”, explica Maurício Romiti, diretor administrativo e financeiro da Nassau Empreendimentos, empresa que atua há 30 anos na gestão, planejamento e consultoria de centros de compras brasileiros.

O executivo acredita que, se as projeções se confirmarem nos próximos anos, os estacionamentos correm o risco de se tornar obsoletos. Pode parecer algo distante, porém, é importante que as empresas visualizem o cenário para começar a agir. A instalação de bicicletários é uma saída nesse sentido, que já vem sendo adotada não apenas por shoppings, mas por diversos estabelecimentos.

O fator pandemia

Se uma possibilidade de esvaziamento ao longo de anos já gerava certa preocupação, imagine visualizar o estacionamento completamente inutilizado? De forma inesperada, é o que aconteceu durante os meses mais duros da pandemia de Covid-19 no ano passado. A situação, claro, representa um limite devido às circunstâncias, mas demonstrou, na prática, como é possível reinventar o uso do espaço.

Para passar pelo período, as empresas adotaram iniciativas como os cinemas drive-in e atrações infantis, novas utilidades para o grande espaço. Exemplos disso são o Jump Around, castelo inflável que ocupou estacionamentos de shoppings em São Paulo e no Rio de Janeiro, bem como o espetáculo drive-in Jurassic Safari, em centros de compras de Curitiba, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.

“Esse momento de crise fez com que surgissem novas oportunidades. Além de atrações e shows, os espaços de estacionamento também foram utilizados para a realização de testes rápidos de Covid e como pontos drive-thru de vacinação em diversas cidades brasileiras”, destaca Romiti. “Além da forma tradicional, é necessário encontrar novos usos para os espaços de estacionamento e diversificar as formas de rentabilizar esse ambiente”, completa.

Outra opção é adotar o local como um espaço alternativo para eventos. “Eles não são e não devem ser vistos apenas como espaços vazios, e sim como uma extensão do shopping. Mesmo antes da pandemia, os estacionamentos já vinham sendo utilizados pontualmente para outras funções, como venda de ingressos para eventos, por exemplo, já que é um ambiente que comporta grandes filas”, finaliza o executivo.
Fonte: Consumidor Moderno, 31/10/2021

Categoria: Geral


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