Para quem tem esse poder de decisão, a escolha entre um carro próprio e a locomoção diária por aplicativo está mais difícil neste momento, avalia o professor de economia do Ibmec-BH Luiz Carlos Day Gama. Em um movimento contrário ao habitual, carros usados estão mais valorizados, por exemplo, devido à escassez de veículos novos na indústria, e quem vende um seminovo pode ter lucro. O preço do combustível, por outro lado, aumenta mais a cada mês, ao mesmo tempo em que usuários reclamam de cancelamentos frequentes das viagens por aplicativo e aumento dos valores cobrados.
Não existe cálculo exato para definir qual é o modelo de viagem mais barato no dia a dia, pontua o professor. Mas, para definir a modalidade, ele orienta que o consumidor coloque os gastos com cada uma na ponta do lápis.
“Vamos imaginar uma pessoa que gaste 100 litros de álcool, a R$5, por mês, então ela gastaria R$500 mensais. Mas vamos pensar que ela já gastou R$40 mil no carro e o IPVA será R$1.600, R$133 por mês. Um seguro de R$2.000 fica a R$167 por mês e podemos considerar R$1.200 de manutenção anual, por baixo. Com isso, a pessoa terá gastado R$900 por mês com o carro”, exemplifica o professor.
Já trajetos curtos de Uber, com custo de R$12,50 para ida e o mesmo valor para a volta, além de pequenas viagens de final de semana, resultariam em um valor de cerca de R$ 600, pelos cálculos do economista, enquanto trajetos mais longos, de R$ 25 em cada trecho, por exemplo, fariam o valor mensal ultrapassar o do carro próprio.
Outra opção é a modalidade de carro por assinatura, em que o motorista aluga o veículo por um tempo determinado e, assim, não arca diretamente com impostos como IPVA e o valor da manutenção do veículo. Na Localiza, o serviço varia de R$1.349,00 a R$4.999 por mês, por exemplo. De toda forma, lembra o administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu, a modalidade ainda obriga a gastos com combustível.
“Já para comprar um carro, a pessoa tem que colocar na ponta do lápis impostos de que não está se lembrando, por exemplo. O IPVA deste ano já não é parâmetro para o próximo, por exemplo, porque o preço dos carros subiu muito”, completa o especialista em pesquisa de preço.
“O combustível vai falar muito alto na escolha. Me encontrei com algumas pessoas outro dia, por exemplo, e, na ponta do lápis, pedirmos aplicativo seria mais barato, por causa do estacionamento. Mas, por outro lado, não temos segurança de achar um carro de aplicativo facilmente mais”, pontua o administrador do site Mercado Mineiro, Feliciano Abreu. (Imagem CNB)
Fonte: O Tempo/MG, 03/11/21