A venda de veículos híbridos e elétricos (eletrificados) no Brasil chegou a 15.206 unidades em abril — alta de 217%, em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
O crescimento leva o volume de vendas a uma alta de 12%, ante março, e ao segundo maior volume de vendas da história, ficando atrás apenas de dezembro de 2023.
No acumulado do ano até abril, as vendas totalizam 51.296 unidades. Entretanto, Ricardo Bastos, presidente da ABVE, vê um cenário ainda mais otimista para este ano, prevendo que os eletrificados superem a marca de 150 mil unidades vendidas — fazendo com que eles se tornem 10% de todas as vendas de carros no país.
Por que o mercado de carros elétricos cresce tanto?
Após 8 anos de isenção, o mercado sente o anúncio da volta dos impostos para carros elétricos a partir de 2024, com a Reforma Tributária. Isso gerou uma corrida que, desde então, resultou em um crescimento exponencial na indústria.
Para a doutora Elbia Gannoum, membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável (CDESS), o principal motivo para os consumidores adquirirem carros eletrificados é a expectativa de corte de gastos.
“Na verdade, a redução dos custos operacionais dos veículos é também a principal razão global para a seleção de um veículo elétrico, superando as preocupações climáticas”, explica.
Carros elétricos para escapar do rodízio
Carolina Mendes, de 45 anos, possui um carro híbrido e aproveitou o momento para trazer um Haval H6 diretamente da China. Mas por outro motivo: fugir do rodízio veicular em São Paulo.
Para ela, a possibilidade de usar seu carro durante toda semana em São Paulo, impulsionada também pelos descontos da montadora, foram o principal fator para a decisão de compra, mas outros foram levados em consideração, como a potencial economia com gasolina e pela modernidade nos equipamentos do carro.
Apesar de, realmente, não ter muitos gastos com gasolina, tendo abastecido o carro apenas duas vezes desde fevereiro — quando recebeu o carro —, a falta de infraestrutura a impressionou.
“Uma coisa que me surpreendeu foi a falta de infraestrutura na cidade para os carregadores. E também o tempo que os carregadores de locais públicos demoram para carregar o carro. Se eu colocar o carro para carregar em um carregador de shopping gratuito, vai demorar 17 horas para poder encher o carro todo”, destaca.
Descarte de baterias de carros elétricos
Gannoum ressalta que a infraestrutura para o sucesso dos veículos elétricos ainda é um desafio econômico associado à manutenção desse tipo de automóvel. “Maiores frotas também requerem mais energia ou tempos de carregamento mais longos”.
Em relação à sustentabilidade, a pesquisadora explica o aumento da frota podem “criar problemas durante os picos de utilização, como em rodovias e pontos de carregamento em horários de tráfego intenso”.
Mas Carolina diz que isso não teve impacto nenhum na sua decisão, uma vez que há muita informação e desinformação sobre o processo de fabricação e descarte das baterias.
Elétricos x Híbridos
Na disputa entre carros híbridos e elétricos, quem sai vencendo são os híbridos, com 8.501 vendas. Por sua vez, os modelos elétricos representam 6.705 vendas.
Entre os híbridos, a lista dos modelos “mais queridinhos” é variada, com marcas como: BYD, BMW, Caoa Chery, GWM e Toyota. Veja a lista:
Modelos híbridos Vendas em abril
1°) BYD Song Plus 1.699
2°) Toyota Corolla Cross 1.289
3°) GWM Haval H6 1.194
4°) GWM Haval H6 GT 407
5°) Caoa Chery Tiggo 7 401
6°) Toyota Corolla 390
7°) Caoa Chery Tiggo 5X 298
8°) Caoa Chery Tiggo 8 250
9°) Toyota RAV4 186
10°) BMW X3 167
Fonte: ABVE
Já entre os elétricos, vemos uma forte dominância da BYD, que tem quatro modelos entre os cinco mais vendidos. Veja a lista:
Modelos elétricos Vendas em abril
1°) BYD Dolphin Mini 3.143
2°) BYD Dolphin 1.618
3°) GWM Ora 03 672
4°) BYD Seal 283
5°) BYD Yuan Plus 196
6°) JAC E-JS1 132
7°) Renault Kwid E-Tech 130
8°) Ford E-Transit 100
9°) BYD ET3 81
10°) Volvo C40 66
Fonte: ABVE
BYD: a “queridinha” do mercado
A BYD, a maior vendedora de elétricos do mundo, registrou um lucro líquido de 4,57 bilhões de yuans (US$ 630,7 milhões), uma alta de 11% no primeiro trimestre de 2024 em relação ao ano passado.
Na mesma comparação, as vendas de veículos elétricos e híbridos da BYD avançaram 13%, para 626.263 unidades no trimestre.
Aqui no Brasil, dominou as vendas de carros elétricos e se firmou como a “queridinha” do mercado. Em 2023, a marca vendeu quase 18 mil veículos, um crescimento de 6.900% — o equivalente a quase 70 vezes das 260 unidades comercializadas em todo o ano de 2022.
Para este ano, o aumento deve ser ainda maior com o lançamento do BYD Dolphin, um carro que, segundo Tyler Li, presidente da BYD do Brasil, “mudou a história do mercado automotivo brasileiro”. Isso porque o carro chegou ao Brasil pelo valor de R$ 115.800, ficando atrás apenas do Renault Kwid E-Tech, disponível por R$ 99.990. (Imagem: divulgação)
Monitor do Mercado, 27/maio/2024