Por Jorge Hori* - Os empresários estão mais preocupados com os cenários econômicos do que com os cenários políticos.
Querem ouvir os oráculos da economia, que apresentam inúmeros gráficos com projeções matemáticas, que dão credibilidade às mesmas, mas invariavelmente terminam com uma condicionante: "Se aprovada a reforma da Previdência".
E se não for aprovada? "Será o caos", dizem, sem condições de avaliar adequadamente as probabilidades da aprovação ou não, pela análise das posições, entendimento ou interesse dos parlamentares.
Dentro do Congresso há pelos menos seis grupos posicionados em relação à Reforma da Previdência:
- os que estão sensibilizados pelos argumentos governamentais e dos economistas - em geral - da necessidade da reforma previdenciária para reduzir o deficit fiscal e votarão a seu favor por convicção;
- os que aceitam a necessidade, mas querem acordar alterações;
- os que estão dispostos a votar a favor mediante a negociação de contrapartidas políticas (cargos e emendas de verbas);
- os que são contra, por afetar interesses corporativos, mas estão dispostos a votar a favor, negociando contrapartidas políticas;
- os que são contra, por princípios, mas estariam dispostos a votar a favor, mediante negociação política de ajustes em pontos específicos;
- os que são contra, por razões ideológicas e posicionamento político, votando contra, sem abertura para qualquer negociação.
Os plenamente convictos são poucos e insuficientes para a aprovação. A dependência maior está no segundo grupo, que reconhece a necessidade, mas resiste à ampliação do tempo de contribuição, para alcançar a aposentadoria integral.
A resistência maior não está na necessidade de trabalhar por mais tempo, mas na insegurança em ter emprego, até completar o tempo, com a continuidade das contribuições.
As condições atuais do mercado de trabalho, com elevado nível de desemprego, sucessão de notícias desfavoráveis, de fechamentos de fábricas, demissões em massa, geram nos empregados, atualmente na faixa dos 40 a 55 anos, insegurança em relação ao seu futuro.
Por outro lado, o Governo, com apoio dos economistas dos bancos e das consultorias, alega que sem a reforma da Previdência não haverá a retomada da economia e com ela a retomada dos empregos.
Mas essa população "madura", com grande influência sobre os políticos, que são predominantemente da mesma faixa etária, quer primeiro a retomada dos empregos, com a garantia de que poderão continuar trabalhando, com renda e capacidade de contribuição.
Sem o equacionamento de adequada solução para esse paradoxo, o Governo, dificilmente, conseguirá o apoio do grupo 2, acima referido, e com isso aprovar o conjunto da reforma da Previdência.
*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.