O 'Estado' teve acesso ao plano, que prevê expansão da rede em mais 1,4 mil quilômetros até 2028, incluindo ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas; capital tem hoje498,3 km. Opções serão criadas ainda nas avenidas do Estado, Ibirapuera e Radial Leste
Em dez anos, as Marginais do Tietê e do Pinheiros e as Avenidas Bandeirantes, Tancredo Neves, Juntas Provisórias e Salim Farah Maluf devem compor um anel com vias segregadas para bicicletas. É o que prevê o plano cicloviário da gestão Bruno Covas (PSDB) que vai para audiências públicas nas 32 prefeituras regionais da capital paulista.
O Estado teve acesso ao texto, que prevê a expansão da rede em mais 1,4 mil quilômetros. São Paulo tem hoje498,3 km–468 kmde ciclovias (estrutura elevada em relação ao viário) e ciclofaixas (via com pintura vermelha no asfalto).
Há ainda30 kmde ciclorrotas, estruturas com sinalização pintada no asfalto e placas indicando rota para ciclistas, que dividem espaço com os veículos.
O foco será na conexão da rede cicloviária a terminais de ônibus e estações da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O conceito segue caminho previsto pelo Plano de Mobilidade (Planmob), planejamento lançado três anos atrás que norteia o crescimento da rede cicloviária de São Paulo até 2030, com mapas e diretrizes.
O plano será apresentado e discutido em audiências prefeituras regionais - como previsto em lei -, na Câmara Temática de Bicicleta (CTB) e no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT). Há ainda o planejamento da distribuição de bicicletários, paraciclos e “bike stops” (cabines onde o ciclista possa tomar banho e trocar de roupa).
Na hierarquização proposta, vias mais movimentadas, como a Avenida do Estado e a Radial Leste, terão ciclovias; conexões entre os bairros e as grandes avenidas (vias coletoras, como a João Moura) ganharão ciclofaixas e ruas do miolo dos bairros concentrarão ciclorrotas.
As grandes avenidas que cortam o anel das Marginais também ganharão ciclovias, conectando a periferia ao centro.
Para o engenheiro de trânsito Flamínio Fichmann, consultor de mobilidade, o conceito de anéis é rodoviarista. "Os anéis são pensados sob a ótica do automóvel. Tenho dúvidas da sua eficiência na utilização de um plano cicloviário", diz.
Nova York
A elaboração do plano teve consultoria técnica das instituições Bloomberg Philanthropies (que tem acordo de cooperação com a Prefeitura) e WRI Brasil (com foco em mobilidade e sustentabilidade). No fim de julho, Covas se reuniu em Nova York com Janette Sadik-Khan, comissária de transportes da Bloomberg e ex-secretária de Transportes de Nova York.
O plano da Prefeitura quer seguir diretrizes utilizadas na cidade americana, como a proteção aos pedestres e aos ciclistas através da ideia de geometria de acalmamento do tráfego e a abertura do diálogo com a comunidade.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 3 agosto 2018