Diante de um futuro de carros autônomos capazes de deixar o passageiro na porta do restaurante e voltar para casa — ou buscar outro cliente —, algumas pessoas têm apontado para o fim iminente dos estacionamentos.
Contudo, esse mercado de US$ 100 bilhões pode na verdade estar pronto para crescer, segundo um artigo do site TechCrunch. A questão central está, na verdade, em como as garagens podem se reinventar. Uma ideia semelhante é defendida, no Brasil, pelo urbanista Philip Yang.
As primeiras áreas a precisar de mudanças seriam as vagas nas ruas. Segundo uma pesquisa da IBM, buscas por locais para estacionar levam de13 a32 minutos, correspondem a 30% do trânsito e ainda aumentam as emissões de gases poluentes. Enquanto isso, destaca o artigo, os estacionamentos estão tão amplamente disponíveis quanto subutilizados.
Para solucionar os problemas, empresas têm utilizado a tecnologia para oferecer informações em tempo real sobre a disponibilidade de vagas em estacionamentos. O aumento na utilização de garagens privadas e municipais, segundo o texto, deve pressionar o governo a cortar as vagas de rua.
A mudança abriria espaço para utilizações novas e mais produtivas – e as possibilidades são inúmeras. O espaço poderia ser substituído por faixas de trânsito, ciclovias ou calçadas maiores, oferecendo mais segurança e estímulo aos pedestres. Ele também poderia dar lugar a pistas de embarque e desembarque de companhias de transporte compartilhado.
Em cenários como esses, segundo o artigo, as cidades poderiam compensar a perda de receita com estacionamentos introduzindo taxas para empresas de transporte que utilizam as faixas exclusivas ou que oferecem transporte na modalidade free floating – quando os veículos alugados não têm pontos fixos de entrega ou retirada.
Outro ponto que contraria a ideia de uma extinção de estacionamentos é que mesmo os carros autônomos precisarão, eventualmente, estacionar – seja para reparos, abastecimento ou limpeza. Esses novos espaços, que podem incluir opções como pagamento sem dinheiro, estações de recarga e gerenciamento de frotas, talvez sejam, afinal, o futuro dos estacionamentos e o foco de investimento dessa indústria bilionária.
Fonte: Época Negócios, 06/08/2018