Por Jorge Hori* - O Brasil está doente. O principal órgão com problemas é a economia, mas os setores cultural e social também. O que o coloca em risco mais iminente é a economia e o médico-chefe Paulo Guedes está cuidando dela. O tratamento inicial, com a reforma da Previdência, está quase completo, mas ele já percebeu que não é suficiente. Já detectou que o problema subsequente maior não é a reforma tributária, mas a tal reforma administrativa. O foco não é a organização, tampouco os processos, como sempre foi tratado, mas os gastos com pessoal, com os servidores públicos.
Haverá uma batalha árdua, tendo-se que enfrentar o fogo amigo, de dentro do Planalto, onde estão forças corporativistas de grande poder.
Completada a reforma da Previdência, embora o Brasil não esteja inteiramente curado, estará suficientemente restabelecido para definir os seus rumos.
Poderá persistir numa economia fechada, voltada para dentro, tentando reanimar o consumo e protegendo a sua produção, seja agrícola, industrial ou dos serviços. O Estado brasileiro não conta mais com recursos para subsidiar atividades internas, tampouco instrumentos aceitos internacionalmente para proteção da produção nacional, contra as importações. As últimas tentativas, feitas em governos anteriores, estão sendo contestadas pelos outros países na OMC.
Tem pouco para oferecer aos investidores estrangeiros como atrativo para se investir num Brasil de economia fechada. Restabelecimento da confiança não será suficiente.
Trazendo a questão para o setor de estacionamentos, haverá interesse de investidores ou empreendedores estrangeiros em investir em empresas de operação de estacionamentos?
Como negócio isolado ou independente, provavelmente não. Operadoras estrangeiras teriam grandes diferenciais tecnológicos ou modelos de gestão, através dos quais chegariam conquistando mercados. Uma das alternativas são as garagens subterrâneas, cujo mercado é restrito e depende de licitações públicas, com prevalência do critério de seleção pelo menor preço.
As maiores oportunidades estariam nos edifícios-garagens, altamente automatizados. A demanda ainda é restrita, mas como aconteceu com outros produtos de maior densidade tecnológica, uma vez que pega, se alastra rapidamente, como ocorreu com os aplicativos de chamada de carros.
O problema maior está no debate entre urbanistas e transporteiros em aceitar ou não a opção.
Em São Paulo, a gestão petista aceitou a opção, mas desde que seja em área sem demanda. Fez para não se efetivar.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.