A adoção do controle eletrônico de estabilidade em todo carro produzido no Brasil pode atrasar em até três anos. Um dos recursos mais eficientes na prevenção de acidentes, o ESC (na sigla em inglês) está previsto no programa Rota 2030 para equipar todo automóvel vendido no país a partir de 2022. Mas esse prazo pode se dilatado caso o governo federal aceite o pedido de adiamento que será encaminhado pela Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade, argumenta que entre R$ 60 bilhões e R$ 80 bilhões “sumiram” da indústria automobilística como resultado da paralisação das atividades durante o período de isolamento social imposto pela epidemia.
“E o investimento necessário para pesquisa, desenvolvimento e ferramental é da ordem de R$ 12 bilhões” para novos recursos de segurança e redução de emissões de poluentes, segundo o executivo.
“Estamos estimando até cinco anos para retomar o patamar de 2019. Ainda assim, pleiteamos um prazo de dois a três anos a mais para adoção desses novos recursos”, diz Moraes. Além da revisão de prazos para o Rota 2030, a Anfavea também quer negociar a entrada em vigor do Proconve 8, etapa do programa de redução de poluentes prevista para valer a partir de 2023. Essa fase equivale ao Euro 6, vigente na Europa desde 2018.
Atender o Proconve, diz Moraes, é o que vai exigir investimentos mais pesados da indústria automobilística, ou cerca de R$ 10 bilhões. Outros R$ 2 bilhões devem ser consumidos no desenvolvimento de itens como o controle de estabilidade, alerta para uso do cinto de segurança e maior resistência da carroceria a impactos laterais, entre outros.
O executivo lembra ainda que o desenvolvimento de recursos de segurança e redução de emissões implicam “uma sinergia nas empresas para melhor aproveitamento de pessoal e laboratórios”. Por exemplo, no momento em que é preciso rodar milhares de quilômetros para validar um componente.
O presidente de Anfavea diz que ainda não há uma reunião marcada para formalizar o pedido de adiamento no Conama, o Conselho Nacional do Meio Ambiente. O órgão que pode avaliar uma possível mudança de prazo é presidido pelo ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, que não seria favorável ao adiamento.
Moraes diz “respeitar a opinião do ministro”, mas lembra que o Conama é “um comitê formado por representantes dos governos, empresários, sociedade civil e ONGs, e é quem toma a decisão”.
Fonte: Automotive Business, 07/08/2020