Por Jorge Hori* - Ainda que parcialmente, as atividades econômicas estão voltando a funcionar, na cidade de São Paulo, mas com demanda baixa que deverá persistir ainda por muito tempo.
Algumas mudanças são estruturais e incorporadas ao novo normal: o trabalho em casa (home office) fará com que as pessoas saiam menos para trabalhar, o que afetará a mobilidade urbana e a demanda por estacionamentos. Ainda que uma parte volte aos escritórios, assim como serão mantidas atividades de convivência presenciais, as pessoas sairão menos. Ao saírem preferirão percursos curtos a pé ou de bicicleta para as suas compras. As distâncias mais longas, incluindo as idas aos escritórios, serão feitas por automóvel próprio.
Já comentamos aqui a reversão da tendência dos jovens, em todo o mundo, de não quererem carro próprio.
Indo ao trabalho com o seu carro precisarão estacioná-lo próximo ao seu escritório ou loja, preferencialmente por autosserviço, sem manobristas.
Essa retomada não será suficiente para uma recuperação total da demanda. Os empresários do setor precisarão rever os seus planos empresariais e, em casos mais radicais, mudar o seu modelo de negócio.
A revisão do seu plano significa manter-se no mesmo negócio, isto é, prestação de serviços de estacionamento pago, com ajustes: sejam internos, como redução ou eliminação do serviço de manobristas, operações inteiramente automatizadas, ou externos, com a busca de novos mercados.
Para a automatização das entradas, saídas e pagamentos as empresas deverão buscar parcerias com empresas especializadas, como Sem Parar, Conect Car e outros.
Pode avisar os usuários, instalar quiosques das empresas para o cadastramento e a partir de alguns dias ou meses só aceitar veículos com tags.
Já a mudança do modelo de negócio envolve incorporar novas atividades para aproveitar os espaços ou a capacidade empresarial. No caso do aproveitamento dos espaços, em shopping centers, a alternativa está na destinação de parte do espaço para o serviço de entrega de mercadorias compradas por internet, para retirada na loja. Envolverá acordo com a administração do shopping, com as lojas e uma organização logística adequada, com amplo uso da tecnologia.
No caso de estacionamentos em galpões, empresas norte-americanas converteram o espaço para a instalação de cozinhas voltadas exclusivamente para entregas domiciliares. Nem todas deram certo.
Há aperfeiçoamentos possíveis, como a criação de centros gastronômicos, com áreas para degustações presenciais e cozinhas visíveis para o visitante, separadas por vidros. Não será o conceito de "dark kitchen", mas de "clear kitchen".
Poderá ser alternativa para utilização de grandes áreas abertas de estacionamento.
Já para os espaços menores trataremos mais adiante.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.