Por Jorge Hori*
Como os candidatos a prefeito se posicionam em relação a problemas da cidade que afetam as atividades de estacionamento? Para o encaminhamento enunciamos hoje e em próximos artigos as principais alternativas.
O estacionamento é problema ou solução para a mobilidade urbana?
1. problema: estacionamento incentiva o uso do carro. Aumenta o tráfego e gera congestionamentos. Se houver menos vagas as pessoas vão usar menos o carro, usar mais o transporte coletivo e com isso melhorará a mobilidade urbana;
2. solução: as pessoas usam o carro porque precisam se movimentar dentro da cidade. São Paulo não é mais uma cidade industrial em que as pessoas só faziam o trajeto casa- trabalho-casa. Os que fazem só isso têm opções de transporte coletivo e podem dispensar o carro. Mas uma grande parte realiza atividades múltiplas. São Paulo não é mais uma cidade industrial. É uma cidade de serviços. O cidadão vai para reuniões, almoça fora de casa, sai para fazer compras, leva e tem de ir buscar as crianças na escola, sai do trabalho e vai para as aulas e muito mais. A rede de transporte coletivo não lhe atende satisfatoriamente na multiplicidade de locomoção e o carro é solução.
Visto como problema um conjunto de medidas restritivas de vagas deverá ser continuado, pois o prefeito atual segue a linha de que estacionamento é problema e no seu mandato adotou diversas medidas restritivas como:
1. Reduzir as vagas públicas para a implantação de ciclofaixas, ainda que com pouco uso;
2. tratar o número de vagas em novos edifícios como máximo e não como mínimo;
3. excluir o uso de terrenos com estacionamento como função social da propriedade urbana, sujeitando-os a encargos adicionais;
4. outras medidas restritivas.
A retirada de um espaço de vagas para carro na rua não teve repercussões específicas: o comércio de rua teve uma queda de movimento, mas não tão catastrófico, como anunciado pelos comerciantes. Mas os consumidores também não passaram a ir às compras de bicicleta. A crise afetou mais o comércio, sendo difícil atribuir à redução de vagas públicas a redução do movimento no comércio de rua e fechamento de lojas.
O único fato visível foi a ociosidade das ciclofaixas, com poucos ciclistas utilizando-as. E aumentaram os congestionamentos pontuais. Mesmo com a crise os grandes congestionamentos continuaram.
Restabelecer as vagas também não terá grande efeito visível. A continuidade ou a reversão da crise econômica geral pesará mais.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.