O provável desfecho da crise política parece estar afetando positivamente as expectativas dos agentes econômicos. É, ao menos, o que sugere o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e cuja escala de pontuação varia de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total).
O ICC de maio registrou crescimento de 3,6% na comparação com o mês anterior e atingiu 90,9 pontos. A alta foi motivada pelo forte aumento do componente que mede as Expectativas do Consumidor (IEC), que subiu 7,5% em relação a abril e chegou a 119,9 pontos, o maior valor desde novembro de 2014 - quando os resultados foram afetados pela disputa do 2º turno da eleição presidencial. Na comparação com maio de 2015, o IEC apontou elevação de 21,4%, a maior alta anual desde abril de 2010.
Para os economistas da Entidade, o movimento do IEC, que já vinha apresentando leve tendência de crescimento desde o final do ano passado, sugere uma reversão de expectativas dos consumidores, que seguem pessimistas, mas passaram a acreditar em uma melhora das suas condições econômicas futuras.
O outro componente do indicador, que mede a avaliação dos consumidores em relação às condições econômicas atuais (ICEA), atingiu 47,4 pontos em maio, queda de 8,8% na comparação com abril e de 41,8% ante o mesmo mês do ano passado. Segundo a assessoria econômica da FecomercioSP, apesar da melhora das expectativas, a situação financeira dos consumidores ainda está sendo negativamente afetada pelos juros altos, pela queda da renda e pelo aumento do desemprego.
Os economistas da Federação lembram que, ao longo de 2015, o ICC sofreu quedas muito fortes em ambos os componentes (ICEA e IEC), que atingiram patamares próximos aos menores já registrados na série histórica iniciada em junho de 1994. Mais recentemente o indicador começou a mostrar estabilidade, mas por causa de comportamentos distintos de seus componentes: enquanto a percepção média da situação atual continuava a piorar em 2016, as expectativas futuras começaram a dar sinais de elevação. Esses sinais, não coincidentemente, se intensificaram com a perspectiva real de um novo governo assumir a condução do país.
No indicador calculado a partir das entrevistas realizadas no final de abril e divulgado agora em maio, houve forte melhora na avaliação das expectativas (+7,5%), o que puxou para cima o ICC, ao passo que as condições econômicas atuais continuam a se deteriorar na visão do consumidor. Não por acaso essa percepção se acentuou após a probabilidade de troca de comando no governo ter ficado muito alta. Afinal, segundo os economistas da FecomercioSP, o consumidor já compreendeu que a recuperação da economia passa, necessariamente, por uma reorganização política capaz de aglutinar forças, conquistar governabilidade e, com isso, propor e aprovar medidas e reformas da economia.
Os dados dos consumidores já atestam essa dinâmica de recuperação da confiança no futuro e, segundo a Federação, os empresários tendem a mostrar comportamento semelhante.