Nos dias que antecediam a chegada de Papai Noel os acidentes aumentavam tanto que os motoristas de táxi batizaram dezembro como "mês do funileiro". Os congestionamentos mereciam a atenção dos jornais: "No centro prevalece a balbúrdia" - informava o Estadão em novembro de 1965. Em um editorial de 1961, o título era "Calamidade Pública". Se as coisas iam mal, quando chovia... "A Capital Bandeirante entra em colapso."
As queixas beiravam o drama: "Os paulistanos ficam imobilizados. Ninguém pode cumprir obrigações que dependam de transporte, a menos que elas sejam de tal vulto que compensem o sacrifício até de uma pneumonia". Sim, porque às vezes a única saída era caminhar. Na velha Avenida Celso Garcia, por exemplo, no Brás, último bairro antes do centro, tudo ficava trancado. E não era para menos. Ônibus, bondes e carros circulavam à vontade nas quatro pistas, em dois sentidos. Os ônibus ficavam imóveis, com os motores desligados e... vazios. Os passageiros preferiam descer e seguir a pé até a Praça da Sé ou a Clóvis Beviláqua.
Eram cenas mais ou menos parecidas com aquelas que acontecem hoje quando um caminhão entala numa das pontes das avenidas marginais.
Fonte: O Estado de São Paulo (SP), dezembro de 2005