O diretor de Desenvolvimento da SP-Urbanismo, fala em entrevista ao Parking News sobre o projeto de requalificação do Centro da cidade, que inclui o aumento da população na área, entre outras mudanças, e pode trazer consequências para os estacionamentos.
Leonardo Castro acredita que as ações da Prefeitura, como o incentivo a um adensamento populacional, vão beneficiar os negócios e valorizar as atividades econômicas que estão estabelecidas na região.
Contratado pela SP-Urbanismo em 23 de janeiro de 2017, Castro é graduado em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, com pós-graduação lato sensu em Direito Público pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, possui experiência em projetos urbanos, Conselhos de Política Urbana e de Patrimônio Cultural, participou de diversas conferências internacionais, lecionou sobre Direito Urbanístico em curso de pós-graduação na Universidade Fumec e atuou como secretário Municipal de Planejamento Urbano no Município de Belo Horizonte, entre 2014 e 2016.
Parking News – Ainda há algumas fases a cumprir antes de o Projeto de Intervenção Urbana (PIU) do Setor Central ser enviado à Câmara, e o cronograma aponta que a versão final só será concluída no segundo semestre de 2019. O sr. poderia nos dar um panorama geral sobre o projeto e seus objetivos?
Leonardo Castro - O Projeto de Intervenção Urbana (PIU) da Região Central de São Paulo estabelecerá uma proposta estruturante à requalificação dessa área, ampliando limites, abrangendo outros distritos e reformulando a Operação Urbana Centro (OUC), criada em 1997, que obteve muitos resultados positivos, mas não correspondeu integralmente às expectativas de planejamento da Prefeitura. Busca-se a modernização do instrumento com o objetivo de alcançar o adensamento populacional com correspondente oferta de empregos e serviços em uma área com importante infraestrutura de transporte público, como pede o Plano Diretor Estratégico (PDE). A vulnerabilidade social, tanto de famílias que moram na periferia, quanto dos moradores em situação de rua, pode ser reduzida, à medida que as famílias acessarem os equipamentos disponíveis nessa região. O centro possui um patrimônio histórico que necessita ser restaurado, valorizado e desfrutado pela população.
É importante ressaltar que se encontra no site Gestão Urbana, até 24 de agosto, a primeira consulta pública do PIU Setor Central. A partir dos comentários da população, o objetivo da Prefeitura é consolidar a proposta, a fim de submetê-la mais uma vez à sociedade, seja no site ou em encontros presenciais, como em audiências públicas e reuniões nos Conselhos competentes. A expectativa é de que o Projeto seja encaminhado à Câmara Municipal até o final do ano, para uma nova rodada de discussão.
Como o sr. analisa as condições urbanas dessa área, que é bastante complexa? É possível que possa ser revitalizada, como acontecia há algumas décadas? Atrair 140.000 moradores vai contribuir para tanto? E quanto ao comércio e serviços, também poderão ser beneficiados com as alterações?
Quando você projeta uma política pública, o objetivo não é só resolver problemas pontuais específicos, mas também implantar um círculo virtuoso. Se conseguirmos requalificar uma área que tem estrutura e potenciais substantivos, como a região central de São Paulo, o cotidiano de trabalho e lazer dos moradores empreenderá os benefícios. É importante destacar que a infraestrutura existente já é capaz de abrigar densidade demográfica muito maior, independentemente de investimento.
Por outro lado, a presença de um maior número de moradores garantirá maior vitalidade ao centro, especialmente no período noturno, permitindo que a região se fortaleça como objeto de desejo para o estabelecimento de moradias em número mais compatível com a oferta de serviços.
A redução de vagas de estacionamento no entorno de pólos comerciais pretendida poderia gerar a construção de edifícios-garagens. O sr. considera viável essa alternativa?
O Setor Central tem uma invejável infraestrutura de transporte público. O estímulo desse meio de locomoção é uma das diretrizes do Plano Diretor, a fim de que se diminuam os congestionamentos e o meio ambiente seja preservado.
A demanda por estacionamentos pode ser atendida não necessariamente nos logradouros públicos, mas em áreas dedicadas a esse fim, como edifícios-garagem, garantindo um uso mais democrático e voltado aos pedestres dos espaços de uso público.
Além de gerar milhares de empregos, o setor de estacionamentos é parte importante da infraestrutura da cidade, para sua mobilidade e vitalidade. Em sua opinião, as empresas podem ver com otimismo as alterações pretendidas por esse projeto e outros que visam beneficiar a população?
A proposta tem como tema central melhorar a qualidade da experiência dos usuários e moradores no Centro. O impacto positivo das propostas certamente contribuirá para a melhoria do ambiente de negócios da região, com valorização das atividades econômicas presentes.
O sr. poderia deixar uma mensagem para os associados do Sindepark?
Queremos desenvolver um projeto para o Centro que abarque todos os interesses identificados e que impacte positivamente a todos que vivem ou trabalham aqui. Para tanto, convidamos a todos a participar desse processo, a fim de que, ao final, o PIU do Setor Central possa criar condições para que tenhamos uma cidade melhor, mais equilibrada, harmônica, próspera e sustentável.