Depois de anunciar o Rota 2030 e definir a redução do IPI para carros híbridos e elétricos, o governo trabalha agora na elaboração do Plano Nacional de Eletromobilidade, proposta de diretrizes para estimular o mercado do segmento no Brasil, reduzindo o abismo que separa a frota brasileira da presente em países desenvolvidos. O projeto foi anunciado pelo ministro do Desenvolvimento, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge de Lima. A promessa dele é apresentar o programa em novembro de 2018 com visão para os próximos quatro anos.
A pasta identificou a demanda por estruturar um plano durante as discussões do grupo de trabalho de veículos híbridos e elétricos, o GT7, formado para desenhar as medidas para o Rota 2030. Entre os integrantes do time estavam montadoras, entidades ligadas ao setor de energia, além de fornecedores de tecnologia e componentes. “Percebemos esta necessidade e decidimos trabalhar em uma proposta dentro do governo”, contou Ricardo Zomer, analista da secretaria de desenvolvimento e competitividade industrial do MDIC. Segundo ele, o ministério é o órgão que capitaneia a iniciativa.
Políticas públicas e visão de longo prazo
Zomer conta que o documento pretende unificar o debate sobre eletromobilidade, que hoje está disperso entre os vários elos que podem ser impactados pela expansão do setor. Além disso, o plano pretende desenhar estratégias de longo prazo e propor políticas públicas que viabilizem a expansão desse mercado.
“Nenhum país maduro conseguiu desenvolver um mercado interessante de veículos elétricos sem oferecer incentivos. Vamos ter de resolver isso no nosso contexto de restrição fiscal”, diz.
Brasil combinará elétricos com tecnologia flex
A Anfavea, entidade que representa as montadoras, calcula que foram vendidos 3,2 mil veículos eletrificados no Brasil em 2017, volume pífio, que responde a apenas 0,2% do mercado total do ano. Segundo Zomer, para aumentar esta participação será preciso desenhar atuação ampla e conjunta.
“Precisamos trabalhar para que o Brasil não seja espectador dos avanços globais, mas assuma papel de protagonista com o desenvolvimento de soluções interessantes localmente”, avalia.
O analista entende que o Brasil terá fórmulas próprias para a eletromobilidade, combinando a propulsão com energia elétrica ao carro flex, que já é uma matriz mais limpa do que os combustíveis fósseis que dominam a maior parte do mundo.
Fonte: Automotive Business, 01/08/2018