A inflação persistente derrubou o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), que mostrou queda de 1,3% em março ante fevereiro, para 118 pontos. Foi o menor patamar desde agosto do ano passado (115 pontos), informou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pelo indicador.
Na comparação com março de 2021, houve alta de 13,9% devido à base de comparação fraca. No entanto, o recuo até março fez com que o Icec encerrasse primeiro trimestre de 2022 com saldo negativo: uma retração de 1,12%.
A CNC explicou que os preços em alta no começo do ano levaram a orçamento mais apertado entre as famílias, já muito endividadas. Além disso, o recente aumento nos preços dos combustíveis e o impacto indireto em alta de custos na produção - devido ao combustível mais caro - também são elementos-chave para a baixa confiança empresarial.
Todos esses fatores reunidos levaram a um recuo generalizado nos três tópicos usados para cálculo do Icec, de fevereiro a março. A CNC apurou quedas, nesse período de comparação, em condições atuais (-1,6%); expectativas (-1,2%); e intenção de investimentos (-1,1%). Em contrapartida esses mesmos tópicos tiveram altas, ante março de 2021, de 27,3%, de 6,1% e de 14,7% respectivamente - mas beneficiados por base de comparação fraca.
Antonio Everton, economista da CNC e responsável pela análise, afirmou que o clima de menor confiança também é agravado por sazonalidade. Todo início de ano, a chegada de impostos aumentados, como IPTU e IPVA; novos valores para condomínio e mensalidade escolar, entre outras despesas, pesam nos orçamentos familiares, lembrou o especialista. Os juros reais por volta de 5% acima da inflação, que encarecem o custo do crédito, também pesam. Esses aspectos inibem consumo e acabam por afetar as vendas do varejo. “São fatos que também afetam a percepção dos empresários do comércio para uma conjuntura relativamente mais difícil”, afirmou o economista, em informe.
No comunicado, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembrou da guerra na Ucrânia. Em seu entendimento, também é um fator de peso para a queda. Ele avalia que o quadro internacional gera cenário de incertezas. “O conflito deve influenciar, juntamente com comportamento dos valores internos, o crescimento da inflação. Os preços, em geral, devem permanecer em alta, principalmente em virtude da escalada dos combustíveis e das commodities”, afirmou ele. (Imagem: Freepik)
Fonte: Valor Econômico - 22/03/2022