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Galeão cai de 4º para 10º terminal do país em três anos

Estado e prefeitura do Rio e Secretaria de Aviação Civil (SAC) se reúnem hoje para discutir o futuro de Santos Dumont e Galeão. O aeroporto central já superou o movimento de passageiros pré-pandemia, enquanto o internacional está longe disso. Na retomada, vem perdendo a corrida por voos para outros terminais do país.

Entre 2019 e 2022, o Galeão caiu de 4º para 10º aeroporto em movimento de passageiros no país, sendo ultrapassado, não só pelo Santos Dumont, como pelos aeroportos de Campinas, Confins, Recife, Porto Alegre e Salvador, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

A ociosidade do Galeão, dizem especialistas, seria resultado de uma combinação de fatores, da perda de dinamismo da economia fluminense à reorganização dos voos pelas companhias aéreas no pós-Covid, focando em aeroportos mais movimentados e de maior capacidade de distribuição de passageiros em conexão.

— Todos os aeroportos tiveram um tombo. Na retomada, alguns estão sendo mais eficientes e competentes em ganhar, na margem, participação de mercado do Galeão. Ele está ficando para trás pela falta de uma gestão mais agressiva — explica Alessandro Oliveira, especialista em transporte aéreo e professor do ITA. — Para serem mais eficientes, as empresas também evitam sobreposição de malha, o que pode ser um problema para aeroportos próximos como Galeão e Guarulhos.

Para ele, pesa ainda a indefinição sobre o aeroporto após a devolução do Galeão à União, em fevereiro de 2022 pela Changi, uma das maiores operadoras de aeroportos do mundo. Este ano, a companhia sinalizou que continuaria à frente do ativo mediante um reequilíbrio das condições financeiras do contrato, mas ainda não há acordo fechado.

— O Galeão precisa de um norte, um operador atuando de maneira consistente, regras estáveis para as empresas se estabelecerem, mas atuar agressivamente na gestão da malha, no desenvolvimento de rotas. O fator mais importante hoje é o de competitividade das aéreas e dos aeroportos. A incerteza faz com que as companhias privilegiem seus aeroportos mais fortes — explica Oliveira.

A RIOgaleão atende hoje 12 destinos domésticos e 19 internacionais. Em 2019, eram 21 destinos no país e 26 no exterior, informou a concessionária. Ela afirma que segue atuando para o desenvolvimento comercial do aeroporto, tendo atraído 13 novas empresas aéreas desde 2014.

Corte de capacidade

O ministro Márcio França, de Portos e Aeroportos, chegou a anunciar que Galeão seria licitado com o aeroporto de Resende, já que, pela lei vigente, o grupo que devolve um ativo só pode voltar a entrar no leilão caso haja pregão em bloco.

A opção, porém, foi descartada. Em paralelo, o ministro disse que a concessão do Santos Dumont seguiria com a Infraero, deixando de ser leiloado.

Semana passada, o anúncio do aumento da capacidade anual de movimento de passageiros do Santos Dumont em 54,5% pela Infraero, subindo de 9,9 milhões para 15,3 milhões, esquentou ainda mais o debate.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi às redes sociais questionar a expansão, classificando a decisão da Infraero como “canalhice” com o Rio e uma estratégia para esvaziar o Galeão. Na sequência, França frisou, também por meio de redes sociais, que o governo vai reduzir a capacidade do Santos Dumont abaixo de dez milhões de passageiros este ano, e que a retomada do Galeão é uma prioridade.

Está marcada para o dia 24 uma reunião de França com Paes e o governador Cláudio Castro para discutir saídas. As autoridades do Rio defendem que os terminais têm de ser geridos de forma coordenada, para evitar “canibalização” de voos de um pelo outro.

Gargalos

Com base em dois estudos, a prefeitura defende que o Santos Dumont tenha capacidade para até 6 milhões de passageiros. Já o governo do estado, fala em 7,5 milhões a 8 milhões.

Thiago Nykiel, da Infraway, especializada em infraestrutura, diz que o gargalo do Santos Dumont está no pátio. Para receber 15 milhões de passageiros, teria de crescer:

— Se o Santos Dumont continuar aumentando seu movimento, obras de ampliação de capacidade serão necessárias para recomposição do nível de serviço. Se for receber 15 milhões de passageiros, serão necessárias intervenções maiores, como a ampliação de dez mil metros quadrados no terminal de passageiros e mais 32 posições de estacionamento.

O Globo - RJ - 11/04/2023

Categoria: Geral


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