Emílio Sanches Salgado Jr.* - Mais do que uma administração zelosa com os recursos públicos, a gestão eficiente de um município, hoje, requer perspicácia quanto ao uso racional do território urbano – ou seja, das ruas. Afinal, trata-se do maior e mais valioso patrimônio de toda e qualquer cidade. Um patrimônio, aliás, caro de ser mantido, que consome grande parte das receitas das prefeituras e ainda exige constantes investimentos.
Tornar esse patrimônio rentável é, sem dúvida, a solução mais assertiva aos gestores que desejam melhorar as condições do trânsito, da malha viária e, sobretudo, da mobilidade urbana.
A ideia dos estacionamentos rotativos nasceu justamente desse propósito. Isto é, de tornar o espaço público um ativo, que traz benefícios à municipalidade e assegura o uso democrático e racional do território urbano.
Algo que é consenso pelo mundo, experimentado há décadas em milhares de cidades. Mas que, no Brasil, ainda é encarado como um grande desafio.
Do receio de muitos prefeitos quanto à eventual impopularidade da medida ao alerta sobre experiências negativas vivenciadas em localidades que não souberam operacionalizar seus estacionamentos rotativos.
Fato é que não se trata de algo tão simples quanto possa parecer. É um trabalho que exige planejamento, engenharia de dados e investimentos constantes, seja em manutenção, seja em tecnologia. Do contrário, frustrará a expectativa dos governantes, dos usuários e da população – além, claro, de frustrar a arrecadação planejada mediante a adoção do sistema.
Foco no serviço
Aí está, a meu ver, o equívoco mais recorrente que as administrações cometem. Mais do que mirar nas receitas, antes é preciso ofertar um serviço de excelência. A começar por ter uma mão de obra especializada, em número suficiente para absorver as demandas e 100% dedicada à gestão dos espaços públicos destinados a isso.
Infelizmente, não é o que ocorre na maioria dos casos – e isso inclui boa parte das capitais do País. Daí, provavelmente, a impressão, muito recorrente do nosso povo, de que “esse tipo de coisa não funciona no Brasil” – ou seja, aquela frase típica que usamos para tentar explicar o fracasso de boas iniciativas executadas com sucesso no exterior, mas que, por alguma razão desconhecida, não se aplicam por aqui.
No que se refere aos estacionamentos regulamentados, contudo, a origem do problema é bastante conhecida, conforme já explicitado. Portanto, cabe a nós focarmos nas experiências que dão certo. São muitas, posso assegurar. Todas, vale destacar, ancoradas em parcerias com a iniciativa privada, que perseguem justamente a excelência do serviço prestado e a comunicação efetiva com o cidadão.
Nesse contexto, a Estapar se notabiliza como grande parceira de mais de 20 municípios onde atua na gestão compartilhada de seus estacionamentos rotativos, por meio do sistema Zona Azul Digital. Entre eles, podemos destacar São Paulo, Santo André e São Bernardo – que compõem um dos maiores centros urbanos do planeta – e, juntos, têm se destacado pelo aprimoramento e pela eficiência do serviço oferecido à população.
Um trabalho de cooperação, que une poder público e iniciativa privada, em busca, principalmente, de ter a compreensão do público quanto à sua importância e trazer resultados a favor de uma cidade mais organizada.
Resultado desse esforço é o reconhecimento crescente entre os usuários – o que comprova a eficácia do modelo e serve de referência aos municípios que estão dispostos a fazer o mesmo.
*Emílio Sanches Salgado Jr., CEO Estapar
Estadão/Mobilidade, 19/07/2023