O parque Ibirapuera, cartão-postal da cidade de São Paulo, está sob responsabilidade de uma empresa privada. A Construcap, sob o nome Urbia, assinou contrato com a prefeitura para assumir a gestão no dia 20 de dezembro de 2019, mas só começou a efetivamente gerir o espaço em outubro do ano passado.
Fora o Ibirapuera, considerado a cereja do bolo desse contrato, outros cinco parques também faziam parte do pacote: Tenente Brigadeiro Roberto Faria Lima (em Parque Novo Mundo); Jacintho Alberto (em Pirituba); Lajeado (em Guaianases); Eucaliptos (no Morumbi); Jardim Felicidade (em Jardim Felicidade).
A reportagem visitou os parques Ibirapuera, Faria Lima e Lajeado para ouvir os frequentadores sobre as principais diferenças nas áreas verdes. Em sua maioria, dizem que sentiram diferença — para melhor — na manutenção e na segurança dos lugares, embora tenham críticas pontuais.
"A minha impressão é que a estrutura melhorou em questão de segurança, principalmente à noite, da limpeza do banheiro e, se você quiser comprar algum energético, alguma coisa, tem máquinas, coisa que antes não tinha. Foi positiva a mudança até o momento. Eu só notei coisa boa", diz Gustavo Monteiro, 31, morador da região do Ibirapuera.
Sobre o parque Tenente Brigadeiro, Vitor Suter, 22, também elogia: "Reformaram o campo daqui e colocaram um novo parquinho para as crianças. Os cuidados aqui do parque melhoraram muito”.
A maior crítica dos frequentadores é referente ao pagamento do estacionamento do parque Ibirapuera. Tiago Martins, 40, profissional de educação física que dá aulas no parque, discorda dessa avaliação. "O parque está mais cuidado, há mais segurança. A questão do estacionamento, de estar sendo pago, podem criticar, mas está mais organizado.”
Antes da concessão, o pagamento para a parada dos carros no Ibirapuera era feito por meio da Zona Azul, custando R$ 5 por hora. Hoje, a Urbia estabeleceu um valor fixo de R$ 10 durante os dias de semana e R$ 12 aos finais de semana —nos demais parques o estacionamento é somente na rua.
“Às vezes, eu prefiro vir a pé da minha casa, apesar de ser muito longe do parque, porque não dá para ficar pagando R$ 10 toda vez que vem. Por ser um parque público, acho que pelo menos tinha que ser mais barato e ter mais vagas. Porque todo mundo pode usufruir de um bem público." Camila Marques, 35, frequentadora do parque Ibirapuera
Sobre isso, Samuel Lloyd, diretor da Urbia, acrescenta: "Nós pensamos em um projeto alinhado à política de mobilidade urbana da cidade de São Paulo, que visa diminuir o uso de carros e incentiva o uso de transportes públicos ou alternativos". O estacionamento, além de ser uma fonte de verba importante para essa concessão, está alinhado com o plano de mobilidade urbana da cidade de São Paulo." Samuel Lloyd, diretor da Urbia, responsável pela gestão do Ibirapuera
"Estamos fazendo uma cobrança única, para que as pessoas planejem ficar muito tempo no parque. A gente quer, inclusive, oferecer uma multiplicidade de serviços para esse fim", afirma.
Por conta disso, os carrinhos de água de coco e outros pequenos comerciantes também foram reposicionados. Adriana*, 38, que trabalha vendendo água de coco no parque, tem esperança de que a situação melhore para os comerciantes. "No começo. eles deram bastante esperança para a gente e disseram que vamos continuar trabalhando. Mas prometeram melhorar a forma de a gente trabalhar, porque a gente tem de montar e desmontar [o local de venda] todo dia", diz. Uma funcionária do parque, que preferiu não se identificar, critica: "O tempo e dinheiro, eles tinham para fazer. Se não fizeram até agora, é porque não é do interesse deles”.
Fonte: UOL, 03/10/2021