Parece que a intenção da Mesa Diretora da Câmara de Santos, formada pelos vereadores Adilson Júnior (Presidente); Fabrício Cardoso de Oliveira (1º vice-presidente); Lincoln Reis (2º vice-presidente); Pastor Roberto de Jesus (1º secretário) e Bruno Orlandi (2º secretário), de obter privilégio com o não pagamento de estacionamento regulamentado não só vem sendo rechaçada nas redes sociais pela população, como promoveu um certo 'racha' no Castelinho, prédio do Legislativo santista.
Conforme levantado pela Reportagem, Audrey Kleys (PP), Sérgio Santana (PL), Benedito Furtado (PSB), Débora Camilo (PSOL), Chico Nogueira e Telma de Souza, esses dois últimos do PT, são contrários à iniciativa da Mesa. Chico, Telma e Furtado ainda revelam que sequer foram consultados sobre o Projeto de Emenda à Lei Orgânica Municipal nº 07/2022, que dispõe sobre a liberação do estacionamento de veículos dos vereadores em logradouros públicos e garagens municipais.
"Quero deixar registrada a minha posição contrária ao projeto apresentado pela Mesa para isentar vereadores pelo pagamento nos estacionamentos zona azul da Cidade. Tomei conhecimento do projeto pela Imprensa e já aviso que votarei contra", dispara a ex-prefeita de Santos.
"Sou contra e também não fui consultado. Essa questão (estacionamento de graça para vereadores) é tão pequena. Tanta coisa para resolver na cidade. Acho que a Mesa poderia ter feito outro projeto. A Câmara acaba tomando 'porrada' de todo mundo por besteira. Vereador não tem carro oficial. Tem particular e, neste sentido, que pague estacionamento como todo mundo", dispara Chico Nogueira.
Audrey Kleys disse à Reportagem o mesmo que já revelou via redes sociais. "Uso meu veículo pessoal para trabalhar e também quando preciso estacionar já utilizo a Zona Azul, pagando a taxa pelo aplicativo. Votarei contra o projeto mesmo que ele seja aprovado. Continuarei agindo da mesma maneira (pagando estacionamento como qualquer cidadão ou cidadã)", garante.
"Sou contrário a esse projeto e já me pronunciei nas redes sociais contra a decisão da Mesa em proporcionar esse privilégio aos vereadores. Isso não é necessário, pois já temos estacionamento gratuito na Câmara. Além disso, nos bairros, os estacionamentos são livres. Então, não precisamos de privilégio de estacionar de graça no Centro", opina Sérgio Santana.
Benedito Furtado também sempre foi e ainda é contra, mas garante que, até dezembro último, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) fornecia credenciais para fiscais da Prefeitura, oficiais de Justiça e também vereadores, que tinham estacionamento privativo quando a Câmara funcionava no Palácio José Bonifácio. No entanto, há uma determinação do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) sobre a obrigatoriedade de uma lei específica para disciplinar isenções.
"Os fiscais ainda possuem credenciais. A Mesa não consulta os demais vereadores. Decide e faz. Deveria ser diferente. No entanto, nem as sete assinaturas regimentais necessárias ao projeto foram conseguidas. De qualquer forma, essa iniciativa e nada é a mesma coisa. Só besteira. Se for a plenário eu voto contra e acredito que não vai passar".
Débora Camilo acredita que a possibilidade da isenção distância ainda mais o legislativo da população. Afirma que, como representantes do povo santista, as vereadoras e vereadores deveriam ser os primeiros a dar o exemplo de seguir a mesma lei que vale para todo o mundo.
"Devemos nos empenhar em criar leis que tirem a cidade da crise e ajudem nosso povo nesse momento de dificuldade, com tudo caro e tamanho desemprego. Votarei contra o projeto e continuarei seguindo a lei aplicada a todos os santistas", afirma.
CÂMARA
A Mesa Diretora já se manifestou alertando que a implantação de um cartão/crachá de identificação que teria eficácia apenas quando no exercício das funções parlamentares e a justificativa da proposta é que a liberação facilitaria o cumprimento do papel (trabalho) dos parlamentares santistas. A proposta está sendo analisada pelas comissões.
Vale lembrar que, ano passado, com a retomada das atividades comerciais, a CET-Santos aumentou a oferta de áreas de estacionamento rotativo em mais 375 vagas de Zona Azul, distribuídas pelo Gonzaga, Centro e Vila Mathias, bairros com predominância de comércio.
Hoje o sistema santista dispõe de 1.749 vagas de rotativo nos mesmos bairros, além do Boqueirão e da Encruzilhada. Desde outubro de 2019, a fim de oferecer mais conforto e conveniência para os usuários, a Zona Azul funciona no modelo digital.
A ativação de tíquetes pode ser feita pelo aplicativo Zona Azul Santos, ou pontos de venda terceirizados (identificados junto às placas de regulamentação).
O tíquete eletrônico é comercializado por R$ 2,50 para o período de uma hora; R$ 3,75 para 1h30 e R$ 5,00 para 2 horas (tempo máximo de uso da vaga).
Também há a possibilidade de ativar inicialmente uma hora, acrescentando mais duas ativações de 30 minutos, até totalizar 2 horas.
Fonte: Diário do Litoral - Santos - Cidades - SP - 14/06/2022