Por Jorge Hori* - Os empresários brasileiros, na sua quase totalidade, "embarcaram" na candidatura Bolsonaro, ainda no final do primeiro turno, e o apoiaram no segundo turno, seduzidos pelas promessas de uma economia liberal e, principalmente, pelo afastamento da ameaça "comunista" representada pelo PT.
Segmentos sucessivos foram se decepcionando, primeiramente, com a percepção de um governo monárquico familiar. Depois com a percepção de falta de apoio efetivo aos propósitos de Paulo Guedes, do abandono do combate à corrupção e da visão crente e anticientífica no combate à pandemia.
Apesar das decepções, prevaleceu a visão de que ele foi legítima e democraticamente eleito e é preciso respeitar a decisão soberana do eleitorado, permanecendo no cargo, até o final do seu mandato atual.
A alternativa da antecipação do final do mandato, com o impeachment, havia sido inteiramente afastada, com os acordos com o Centrão e as eleições de Arthur Lira e Rogério Pacheco, para as presidências das casas do Congresso.
Mesmo achando que são acordos espúrios que comprometem a ética e as contas públicas, a classe empresarial se conformou, em nome da continuidade, embora muitos achem que o Governo Mourão seria melhor para enfrentar o difícil momento atual.
Não há unanimidade entre os empresários, diante da crise sanitária e econômica.
Os empresários de maior porte, com reservas financeiras ou acesso aos financiamentos bancários, mudaram a tônica do seu discurso. Passaram as reformas para segundo plano, defendendo a vacinação em massa, o quanto antes, como a única solução viável para a recuperação da macroeconomia brasileira, no curto prazo.
O porta-voz dessa posição e pressão sobre o presidente é o ministro Paulo Guedes. Que, por sua vez, leva essa pressão ao Planalto. Nem esses empresários, assim como Guedes, estão efetivamente sensibilizados com a situação dos empresários de menor porte, que estão quebrando, fechando as suas empresas. É uma ampla mortandade econômica.
Esses empresários de menor porte não estão dispostos a esperar que a maior parte da população esteja vacinada. Não têm condições de sobreviver até lá. Querem a reabertura total da economia, para batalhar pela sobrevivência empresarial. Não possuem a mesma sensibilidade pelos milhares que estão morrendo por falta de atendimento médico. Entendem que é responsabilidade dos Governos Estaduais e Municipais.
O principal defensor dessa posição é o próprio presidente Bolsonaro, mas que se justifica com a sua intepretação de que o Judiciário não o deixa conter a onda restritiva dos governadores e prefeitos.
Enquanto os Governos não se entendem, os empresários se dividem, milhares estão perdendo os empregos, as empresas e muitos, a própria vida.
Não se pode enfrentar um inimigo tão poderoso, que muda a todo momento, com as tropas divididas.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.