Estudo revela que o alívio cognitivo gerado pelos sistemas de assistência à direção deixa as pessoas mais propensas a encarar congestionamentos e longas viagens
Uma pesquisa da Universidade da Califórnia divulgada este mês revela que motoristas que possuem veículos com recursos de direção assistida rodam, em média, 7,8 mil km a mais por ano que donos de carros sem essas funções.
Segundo os autores, esses resultados sugerem que a automação parcial possui um impacto positivo na disposição dos condutores em dirigir por vias congestionadas e em horários de pico, além de elevar a aceitação em fazer viagens longas.
“Significativamente mais usuários de Autopilot afirmaram que procurariam evitar congestionamentos se não pudessem usar automação do que condutores que usam outros sistemas", aponta o estudo. A pesquisa também indica que quantidade expressivamente maior de pessoas reportaram fazer viagens mais viagens longas em seu veículo devido à automação.
O Autopilot, no caso, é a função de automação dos veículos da Tesla. Outros sistemas foram testados, como o Super Cruise da General Motors, o ProPilot Assist da Nissan, o Driving Assistant da BMW e o Co-pilot 360 da Ford. Mas, segundo o estudo, o que mais teve impacto na vida dos usuários foi mesmo o Autopilot.
“O sistema de condução automatizada da Tesla é usado significativamente mais que os de outras fabricantes e também é usado em uma maior variedade de estradas, condições de tráfego e clima”, diz a conclusão do estudo.
A pesquisa verificou que usuários que utilizam a automação em condições variadas de estrada, tráfego e clima são mais propensos a fazer viagens longas. “Isso pode significar que o nível em que a automação induz a mais viagens depende do quão confortável os motoristas ficam ao usar a tecnologia em diferentes ambientes, com aqueles que possuem mais confiança no sistema tendo mais chances de fazer mais viagens”, diz a pesquisa.
Quanto mais conforto, mais tempo no carro
Esses quilômetros extras que os motoristas de carros com Autopilot e afins rodaram, no geral, consistiram em viagens longas nos fins de semana. O estudo não se aprofunda nessa questão, mas é possível que os recursos de automação estejam mostrando uma tendência irrefreável: quanto mais conforto o carro fornece para o motorista, mais disposto ele fica a passar tempo no trânsito. Isso poderia até significar a disposição para trajetos mais longos no dia a dia, o que tornaria as pessoas mais abertas a se mudarem para longe dos grandes centros.
Os sistemas de direção assistida fazem coisas como mudar de faixa, manter a direção, desviar de obstáculos e frear automaticamente. “A percepção dos motoristas é de que esses sistemas aliviam boa parte da carga do trabalho de dirigir, então eles se sentem mais relaxados, menos cansados e estressados”, disse ao site Wired um dos autores da pesquisa, Scott Hardman. “Eles retiram o fardo cognitivo da tarefa da direção”, disse.
Fonte: Mobility Now, 27/05/2021