Há 15 anos, em 24 de março de2003, aVolkswagen do Brasil apresentava o carro flex, que pela primeira vez possibilitava o abastecimento com etanol, gasolina ou a mistura dos dois em qualquer proporção. Era um Gol com motor AP 1.6 que produzia 97 cavalos com gasolina e 99 cv com álcool. O lançamento coincidiu com a comemoração dos 50 anos da VW do Brasil.
A soma de todos os automóveis e comerciais leves bicombustíveis nacionais e importados emplacados até os dias atuais já passa de 30,5 milhões. Somente da montadora de origem alemã foram 6,7 milhões de unidades. “O sistema flex se tornou parte integrante da vida dos brasileiros”, afirma o presidente e CEO da VW para a América do Sul e Brasil, Pablo Di Si.
A VW dividiu o mérito daquele Gol com a Magneti Marelli, com a qual desenvolveu o primeiro sistema flexível em combustível.
A tecnologia que se tornou comum nos dias atuais representava bem mais que a simples liberdade de escolha na hora de abastecer naquele começo da década passada. O sistema pôs fim à dificuldade enfrentada nos anos 1980 e 1990 pelos consumidores de carros movidos exclusivamente a álcool, como falta do produto nas bombas e grandes variações de preço para cima.
No ano de lançamento, os modelos flex representaram 3,6% dos automóveis e comerciais leves emplacados no Brasil. Cinco anos depois a participação já passava a 87,2%. Passados dez anos, atingiu 88,5% das vendas totais, praticamente o mesmo nível registrado em 2017 (88,6%). Só não se aproxima mais dos 100% por causa da importância que o diesel tem entre os comerciais leves.
O futuro da tecnologia flex se apoia no fato de que a cana-de-açúcar utilizada para a produção de etanol captura gás carbônico (CO2) quando cresce, compensando as emissões desse mesmo gás pelos motores em funcionamento.
Na Conferência do Clima de Paris, a COP 21, o Brasil se comprometeu a reduzir suas emissões de CO2 em 43% até 2030 em relação aos níveis de 2005. Para isso terá de elevar a participação do biocombustível na matriz energética veicular dos atuais 30% para 50%, o que significaria ampliar a produção dos atuais 28 bilhões de litros/ano para 50 bilhões.
Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), acredita que a tecnologia ainda vai conviver ao lado de outras por um bom tempo.
Fonte: Automotive Business, 26 de março de 2018