Os brasileiros gastam, em média, 100 minutos para ir e voltar do trabalho todos os dias. Se esse intervalo de tempo fosse reduzido em até meia hora na cidade de São Paulo, o aumento de produtividade resultante faria o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que atingiu o patamar de R$ 5,5 trilhões em 2014, crescer aproximadamente 2,83% - ou seja, R$ 156,2 bilhões.
O raciocínio é do economista Eduardo Haddad, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP). Ele coordenou o estudo "Mobilidade, acessibilidade e produtividade: nota sobre a valoração econômica do tempo de viagem na Região Metropolitana de São Paulo".
A pesquisa considerou as características da Região Metropolitana de São Paulo e os padrões de mobilidade de outras cidades do País, e concluiu que o intervalo de 100 minutos no deslocamento dos paulistanos poderia ser reduzido em até meia hora. Isso traria adicional de R$ 97,6 bilhões no consumo da população do País.
"Os maiores obstáculos para que a redução do tempo nas locomoções seja obtida, com todo o benefício econômico que isso acarretaria, é a grande dependência ao uso do automóvel e o tamanho descomunal da frota de veículos em circulação na região metropolitana", disse Haddad. Segundo o pesquisador, tempos de deslocamento mais curtos geram um mercado de trabalho mais denso, uma vez que aumentam as opções de escolha dos trabalhadores e das firmas, e isso aumenta a produtividade.
"Isso acarreta em um dos efeitos benéficos da chamada 'economia de aglomeração', que é o fato de os trabalhadores terem mais opções para encontrar os empregos de sua preferência e de as firmas terem mais opções de contratar os trabalhadores de que necessitam", afirma.
Fonte: DCI, 3 de outubro de 2015