Por Jorge Hori* - Com votação recorde, o novo Governo terá um forte apoio popular para pressionar o novo Congresso, a favor das medidas que propuser.
O problema está no que vai propor, em função das disputas internas dentro do seu grupo de apoio.
No caso de Bolsonaro, o mais provável, ele se comprometeu com o mercado, já confirmando Paulo Guedes como o seu ministro da Economia. Ele tem uma pauta economicamente liberal, com dois grandes pilares: a manutenção do teto de gastos (Emenda Constitucional 95) e a reforma previdenciária ampla.
Por outro lado, a renovação do Congresso, alta em termos nominais, mas baixa no perfil das substituições, fortaleceu a bancada dos servidores. Ainda não há uma tabulação completa sobre as bancadas, mas há alguns dados indicativos: a maioria dos reeleitos votou contra a reforma previdenciária. Eduardo Bolsonaro, o mais votado em São Paulo, onde os seus votos contam, e estatisticamente o mais votado em todo o Brasil, o que só tem força de imagem, é um servidor público civil, embora lotado na Polícia Federal. Major Olímpio, eleito senador por São Paulo, foi contra a reforma da Previdência e se mantém na oposição à reforma previdenciária do setor público.
Ao longo de novembro e dezembro ficará mais clara a correlação de forças entre as forças oponentes em relação à reforma previdenciária, o que terá forte impacto sobre o comportamento do mercado.
Independentemente das disputas políticas, o novo Governo deverá começar o ano com boas notícias econômicas, a menos que São Pedro crie problemas.
Nas perspectivas atuais do clima, o Brasil deverá colher - ainda nos primeiros meses do ano - a maior safra de grãos de todos os tempos e bater novos recordes de exportação. O que irá influir no ânimo do mercado e nas cotações do dólar.
Mas terá influência sobre o debate da Reforma Previdenciária. Os oponentes defendem que não existe o chamado deficit previdenciário, que os números são manipulados pelos defensores da reforma e que a questão irá se resolver com o tempo e com a retomada do crescimento.
Uma eventual melhora do ambiente econômico favorece as teses dos oponentes, com reflexos mais adiante.
A perspectiva mais provável para o primeiro semestre de 2019 é de uma animação do mercado, em alguns setores até de euforia, gerando uma "bolha".
Quem quiser aproveitar a oportunidade, terá que se arriscar investindo para se preparar para atender às demandas adicionais. Tendo que levar em conta que alguns dos seus concorrentes também irão se preparar.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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