O RADAR de 12/08 registra que diversos índices econômicos vêm mostrando um cenário de evidentes dificuldades para o consumidor.
O economista e consultor da FecomercioSP, André Sacconato, lista alguns indicadores que mostram certo “esfriamento” da economia e “aperto de cinto” do consumidor.
• Indústria
alta marginal de 0,3%, em maio, não suficiente para estancar a queda em 12 meses – que, em junho, está em 1,9%.
• Serviços
leve alta de 0,7%, em junho, ainda concentrada na demanda reprimida de turismo e eventos, além de transportes para escoamento de carga – aumento que não deve ter o mesmo impulso no segundo semestre.
• Varejo
contração de 1,4% em junho, em relação a maio. No ano, o índice totaliza queda de 0,3%.
Fonte dos dados: IBGE
Uma indústria que enfrenta problemas de pressão de custos e cadeia produtiva com disfunções, um setor de serviços que não deve ter o impulso da demanda reprimida e um comércio e um varejo centrados em itens básicos trazem um cenário mais desafiador para o segundo semestre.
O RADAR considera que há tendência de mudança de estrutura de consumo para bens essenciais, o que denota um empobrecimento da população, que, apesar de ver o desemprego cair, não percebe melhorias na sua renda média e precisa equilibrar uma renda real que não cresce nem para se ajustar à inflação.
Dados da FecomercioSP atestam esse panorama de adversidades:
Endividamento - a capital paulista obteve um novo recorde nesse quesito em julho, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC);
75,4% - é o porcentual de lares com dívidas (três a cada quatro). São consideradas “endividadas” as famílias com alguma dívida em andamento, mas sem atrasos, como a fatura do cartão de crédito do mês ou o financiamento de um automóvel, por exemplo;
- o mais alto nível para a série histórica iniciada em 2010 é resultado da demanda por crédito para manter o nível de consumo, diante da alta inflação;
- 3,02 milhões de paulistanos tinham algum tipo de dívida em julho, 393 mil lares a mais do que há um ano.
RADAR MONITORA
Incerteza fiscal é principal risco que ameaça a queda da inflação
Enquanto os comentaristas monetários se debruçam sobre a ata do Copom para identificar sinais dos próximos movimentos dos juros, a inflação dá sinais consistentes de trégua, avalia O Globo, em editorial. Como era previsto diante da profusão de malabarismos do governo para reduzir o preço dos combustíveis, julho registrou deflação. O IPCA fechou o mês em 0,68% negativo, menor taxa desde 1980. No acumulado em 12 meses, caiu de 11,9% para 10,1%, patamar compatível com dezembro de 2021. Ainda assim, as expectativas do mercado são ambivalentes. Muitos analistas julgam se tratar de queda pontual, resultado apenas do barateamento dos combustíveis. É certo que, como resultado da alta na arrecadação, as contas públicas fecharão o ano com déficit aquém do previsto, talvez até fiquem no azul pela primeira vez em oito anos. Mas o futuro é uma incógnita, em razão das dúvidas que pairam sobre o próximo governo.
Causas da inflação permanecem
A deflação de 0,68% em julho proporciona poucos motivos para comemoração, principalmente por causa dos preços da comida, com aumentos de 1,30% no mês e de 14,72% em 12 meses, analisa o Estadão, em editorial. Dos nove grupos de bens e serviços pesquisados, só transportes e habitação tiveram variação negativa, puxada pelos preços dos combustíveis (-14,15%) e da energia elétrica residencial (5,78%).
Itaú descarta crédito consignado para público do Auxílio Brasil
O presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, descartou a possibilidade de o banco oferecer a linha de crédito consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil, noticia a Jovem Pan. “Não é o produto certo para o público vulnerável”, disse. De acordo com Maluhy Filho, esta modalidade está disponível apenas para o público do INSS e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Ele afirmou que a decisão de não operar com beneficiários do Auxílio Brasil se deve pelo caráter temporário do benefício. Além do Itaú Unibanco, o banco Bradesco também não tem a intenção de operar os empréstimos consignados.
Mercado vê pouco espaço para queda de juros
Apesar de o Banco Central reforçar a perspectiva de um encerramento do ciclo de alta na taxa básica de juros, o mercado vê pouco espaço para a antecipação da queda da Selic e prevê algum afrouxamento somente em meados do ano que vem. Menos otimistas com o cenário de inflação projetado à frente, alguns analistas ouvidos pela Folha de S.Paulo consideram que o BC poderá começar a cortar a taxa básica a partir do segundo trimestre do próximo ano, outros esperam que o recuo tenha início apenas no segundo semestre de 2023. Eles refletem a visão majoritária do mercado financeiro. No cenário de referência do Copom, as projeções de inflação caíram para 6,8% neste ano, acima, portanto, da meta do BC, que é de 3,5%, com uma variação de 1,5 ponto — ou seja, de 2% a 5%. Para 2023, ano em que a meta é 3,25%, as projeções subiram para 4,6% e, para 2024, o colegiado do BC manteve a previsão de 2,7% – abaixo do centro da meta, que, para aquele ano, é de 3%.
Governo discute mudanças no Teto de Gastos
O Ministério da Economia está discutindo mudanças no Teto de Gastos, mostra a CNN Brasil. Pessoas ligadas ao Ministério da Economia afirmam que o ministro Paulo Guedes defende que o Teto de Gastos é um sinalizador importante, mas o problema está em fixar o teto e o "piso" não ter trava. O "piso" seriam as despesas obrigatórias do Orçamento Federal. As mudanças que serão propostas pelos técnicos da Pasta, portanto, devem vir por meio de alterações no "piso", ou seja, nos gastos indexados e vinculados, que tornam as despesas obrigatórias elevadas e deixam pouca margem de manobra no Orçamento. O argumento que deve ser usado pela equipe econômica é que a regra do teto impede aumento de gastos mesmo quando a arrecadação aumenta, como ocorreu nos últimos meses. Assim, ao desindexar e desvincular os gastos, seria possível reduzir o aumento automático de despesas que elevam e pressionam o “piso” contra o teto.
Bolsonaro afirma que manterá teto da alíquota do ICMS se for reeleito
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que foi acertado com o Ministério da Economia a manutenção do teto do ICMS sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo, informa o Metrópoles.
Lula planeja aproveitar Reforma Tributária já discutida no Congresso
Caso eleito, o ex-presidente Lula (PT) planeja aproveitar a Reforma Tributária já discutida durante o governo de Bolsonaro para dar mais celeridade à pauta, logo no início do mandato, informa a coluna Painel, da Folha de S.Paulo. A ideia é partir da proposta em tramitação no Congresso, que teve o apoio dos 27 Estados, mas com alterações. Uma mudança em debate é a cobrança sobre lucros e dividendos a partir de R$ 1 milhão por ano. A renda extra serviria para compensar a redução de impostos sobre o consumo. Outra é unir 16 impostos em um, o IVA Nacional, ou dois, com um IVA Federal e outro Estadual/Municipal, como já proposto pelos parlamentares.
INFORME EDITORIAL
A FecomercioSP é uma entidade apartidária, sem quaisquer vínculos com governos das três esferas. Dito isso, não é objetivo deste trabalho: convencer, conquistar ou atrair adeptos para qualquer causa; polemizar sobre questões político-ideológicas; ser contra ou a favor de qualquer candidato ou partido político. Portanto, o propósito do RADAR é oferecer uma análise objetiva sobre os fatos político-econômicos que mais impactam o ambiente de negócios. (Imagem: Pixabay)
COMUNICAÇÃO/FECOMERCIO-SP