Um estudo recente revela a evolução do setor de estacionamento de veículos no Brasil e no Estado de São Paulo entre 2016 e 2024. Durante este período, o setor foi fortemente impactado pela pandemia de Covid-19 e enfrentou oscilações no número de empresas, receitas e empregos.
Em 2020, o setor viu uma queda significativa nas receitas e no número de empregados devido à pandemia. A receita nacional caiu de R$ 7,7 bilhões em 2019 para R$ 4,8 bilhões em 2020, enquanto o número de empregados passou de 70,2 mil para 56,1 mil. Em São Paulo, a queda foi de R$ 3,8 bilhões para R$ 2,4 bilhões em receita e de 36,1 mil para 27,9 mil trabalhadores.
Com a retomada gradual das atividades, 2021 ainda foi marcado por incertezas. No entanto, 2022 trouxe uma recuperação robusta para o setor, impulsionada pelo aumento de circulação de pessoas e a preferência pelo transporte privado. A receita nacional subiu para R$ 7,9 bilhões, e o total de empregados alcançou 64 mil. Em São Paulo, a receita aumentou para R$ 3,9 bilhões, e o número de trabalhadores chegou a 32,1 mil.
A pesquisa também destaca que, em 2023, fatores como a alta dos juros e a consolidação do trabalho remoto limitaram o potencial de crescimento do setor. Ainda assim, as projeções para 2024 indicam estabilidade, com uma estimativa de 23,1 mil empresas e uma receita de R$ 8,4 bilhões no Brasil. Em São Paulo, são esperadas 11,2 mil empresas, gerando R$ 3,9 bilhões em receita e empregando 34,1 mil pessoas.
O crescimento da frota de veículos em estados do Norte e Nordeste impulsiona a demanda por estacionamento nessas regiões. Este estudo aponta para um setor resiliente, que, apesar das adversidades recentes, continua a se expandir e adaptar às novas dinâmicas econômicas e sociais.
Confira uma entrevista sobre o assunto com o presidente do Sindepark, Marcelo Gait:
CEBRASSE – A pesquisa destacou que o setor foi fortemente impactado pela pandemia e que, em 2023, fatores como a alta dos juros e a consolidação do trabalho remoto limitaram o potencial de crescimento do setor. Você poderia comentar isso?
Marcelo Gait – Com certeza a pandemia afetou muito nossa atividade, porém estamos assistindo gradualmente à recuperação destas perdas e a atividade tem acompanhado o crescimento do setor de Serviços no Brasil, com boas expectativas para o futuro.
Vale ressaltar que ainda vemos alguns obstáculos para maiores investimentos e maior crescimento do setor. Os juros elevados, o aumento relevante de custos com novas tecnologias de interações (softwares e hardwares, muitos deles adquiridos com base no dólar), o aumento considerável nos custos com apólices de seguro, dentre outras coisas, são apenas alguns pontos importantes que precisam ser considerados e absorvidos, para um crescimento maior e mais sólido da atividade.
CEBRASSE – Outro dado interessante é que o crescimento da frota de veículos em estados do Norte e Nordeste impulsiona a demanda por estacionamentos nessas regiões. Poderia explicar isso?
Marcelo Gait – Com certeza. Nos últimos anos, houve um aumento relevante da frota de veículos em todo o Brasil e os novos empreendimentos imobiliários comerciais vêm no mesmo ritmo, isto é bom e ajuda a consolidar nossa atuação nestas regiões.
CEBRASSE – Gostaria que você comentasse que, mesmo com todos os desafios, o setor continua bastante resiliente. A que você acha que se deve isso?
Marcelo Gait – À coragem dos empresários, muito foco em cada novo projeto, com atenção máxima para não errar. A capilaridade do setor e a criatividade dos empresários foram fundamentais.
O momento atual requer mais resiliência e muito trabalho, pois acreditamos que dias melhores virão.
CEBRASSE – Por fim, quais são os projetos de ação do setor para 2025?
Marcelo Gait – Em 2025 estaremos acompanhando de perto a Reforma Tributária e seus desdobramentos, o que preocupa o nosso setor, porque, segundo estudos preliminares, a nossa carga tributária deve aumentar.
Em 2025, buscar novos modelos de negócios está na meta de todos, sempre em consonância com a necessidade das cidades e das pessoas que usam nossos serviços. Neste contexto, investiremos nas melhores e mais modernas soluções em tecnologia a fim de atingir estes objetivos. (Foto: acervo particular)
Cebrasse, 22 de novembro de 2024