Primeira empresa a oferecer o sistema de tag para o pagamento de pedágios, há 19 anos, a Sem Parar se tornou uma espécie de “Bombril”, um sinônimo para esse tipo de serviço. Agora, a companhia, comprada em 2016 pelo grupo americano FleetCor, busca uma nova identidade com o desenvolvimento de novas áreas de atuação.
O CEO da empresa, Fernando Yunes, anunciou não apenas uma série de mudanças na identidade visual da marca, mas também os novos rumos que o negócio vem tomando. Em vez de uma empresa de tag de pagamento e pedágio, o objetivo é buscar novos serviços, financeiros, de controle de acesso ou de logística, que levem aos clientes a possibilidade de economizar tempo.
Hoje, a líder no setor conta com 5,5 milhões de clientes. O número tem muito para crescer se for levado em consideração o tamanho da frota de carros no Brasil: cerca de 40 milhões.
Mas não adianta pensar apenas em como chegar a mais donos de carros nos próximos anos. Outro aspecto avaliado pela Sem Parar e por outras empresas que estão de alguma forma ligadas à mobilidade é a mudança de comportamento, especialmente a partir da Geração Y (nascidos entre 1980 e 1990), que tem levado os consumidores a reavaliarem a necessidade de ter um carro – o que tem alavancado o crescimento de serviços de compartilhamento de veículos e aplicativos de transporte, como Uber e 99.
Se o futuro for com menos carros, é preciso ficar atento desde já a outras fontes de receita. Yunes acredita que até que haja um impacto significativo nesse mercado terão se passado muitos anos. Até porque, as pessoas vão continuar precisando de um veículo, próprio ou de terceiro, para se deslocar. “Vamos ter carros trafegando por muito tempo, mesmo que a posse diminua.”
A aproximação com a montadora Nissan reforça essa preocupação em manter um pé bem firme no mercado automotivo. Os carros da fabricante sairão da linha de produção já com os tags da Sem Parar. Os compradores terão condições especiais de pagamento da mensalidade.
Concorrência
Empresa pioneira em seu segmento, a Sem Parar tem outras prioridades atualmente, como lidar com o aumento do número de concorrentes nos últimos anos. Há, inclusive, quem não cobre mensalidade. É o caso do serviço de pedágio automático C6 Taggy, oferecido de graça – sem taxa de adesão ou mensalidade – pelo banco digital C6 Bank a seus clientes e com possibilidade de uso em 61 concessionárias do país. O valor do serviço é debitado na conta do correntista.
Para Yunes, um dos seus diferenciais é o tamanho da rede onde o Sem Parar pode ser usado como meio de pagamento. “Por sermos os primeiros, sempre estaremos dois a três passos na frente da concorrência.”
Por isso, é preciso correr atrás de inovações. Durante sete meses, usuários do Sem Parar puderam testar o pagamento do serviço de drive-thru do McDonald’s por meio da leitura do cartão. Depois do período de adaptações, a novidade se expandiu e hoje já está em 300 unidades da rede de lanchonetes. Agora, há negociações para levar o meio de pagamento para outras duas bandeiras de fast-food nos próximos meses.
Mais urbano
O pagamento com tag no ambiente urbano, além das estradas, também já está disponível em 1.300 estacionamentos, 650 postos de combustíveis e 10 lava-rápidos. O serviço foi lançado há cerca de 60 dias e ganhou um nome agora, na nova campanha da empresa, passando a ser vendido como Na Cidade.
Serviço semelhante já está em fase de testes, em São Paulo, para o pagamento de contas de restaurante. Yunes também fala da possibilidade de levar a tecnologia de biometria facial e por meio de aplicativo, com o uso de smartphone, para comprar as entradas de cinema.
Novos usos
Outra frente de desenvolvimento de novos negócios é o controle de acesso a condomínios residenciais. Quatro deles, em São Paulo e Barueri (Grande São Paulo), já estão usando o sistema de tag entre seus moradores. Só entra quem estiver utilizando no veículo o controle por tag.
Sistema semelhante é usado para controlar o acesso de carro de pais de alunos ao colégio Porto Seguro, na Zona Sul de São Paulo.
Fonte: Correio Braziliense - 21/08/2019