Por Jorge Hori* - Os dados preliminares da pesquisa OD (Origem Destino) de 2017 - encerrada somente em 2018 - confirmam algumas percepções já colocadas aqui na coluna.
Os aplicativos ampliaram as viagens de carro, contribuindo para a piora do trânsito na Região Metropolitana de São Paulo, ao contrário da versão apregoada pelas empresas operadoras dos mesmos e "comprada" por muitos "especialistas".
Com os aplicativos, menos carros estariam em circulação, mas os que estão circulando ficam mais tempo nas ruas e assim rodando muito mais.
Um fenômeno também perceptível dentro da mobilidade urbana, mas não demonstrado nos dados preliminares, é do aumento das viagens intermodais, com o automóvel iniciando ou completando a viagem de coletivo, principalmente o metrô.
A redução média do tempo de viagem não decorre da eventual maior velocidade dos veículos no trânsito, mas da redução das distâncias, o que é um fator muito importante para a mobilidade: está ocorrendo a maior aproximação entre casa e trabalho.
Essa aproximação, no entanto, não seria uniforme, variando por regiões, mas os dados gerais ora divulgados não permitem essa identificação.
Essa aproximação tem um impacto sobre os estacionamentos, na medida em que reduz pela metade a necessidade de vagas por automóvel em circulação. O veículo precisa sempre de uma vaga na origem e outra no destino, utilizando-as em horários distintos.
Como o automóvel não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, sempre uma das vagas fica desocupada, mas pode ser ocupada em regime de compartilhamento.
Com a maior aproximação da origem do destino, o automóvel pode ficar somente na vaga de origem, com as pessoas se movimentando a pé, por bicicleta ou por outros meios motorizados, como o patinete elétrico.
Essa redução de necessidade de vagas por automóvel será outro fator que poderá impactar negativamente o negócio estacionamento pago.
Apesar dos avanços tecnológicos e mudanças de hábitos, os dados da OD indicam que o impacto dessas é ainda pequeno, embora indiquem uma tendência forte.
As viagens por automóvel, conduzido pelo próprio "dono", aumentaram de 10,4 milhões, em 2017, para 11,3 milhões, enquanto as viagens por táxi, oficiais ou dos aplicativos, subiram apenas de 100 mil para 475 mil viagens diárias.
Em teoria, esse volume de viagens por automóvel com direção própria representaria uma demanda de vagas de destino, na Região Metropolitana de São Paulo, de 11,3 milhões de vagas.
Ainda é um enorme volume de vagas, mas os dados preliminares da pesquisa OD não identificam os locais de demanda delas. Será necessário esperar pelos dados completos e definitivos.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.