Passado o primeiro mês dos novos governos, nenhuma novidade significativa afeta a atividade de estacionamento, direta ou indiretamente. As perspectivas continuam basicamente as mesmas. A macroeconomia segue "patinando" com os agentes econômicos no aguardo das reformas estruturais, principalmente da previdenciária.
A produção e os empregos crescem muito lentamente, afetando pouco a evolução da demanda por estacionamentos.
No âmbito federal, nenhuma meta referente à mobilidade urbana foi incluída para ser alcançada até os 100 dias de Governo, por conta de impasses em relação a esse tema.
O Governo Federal ainda tem que decidir se amplia ou não o seu papel regulatório e ainda qual será o padrão de financiamento dos Estados e Prefeituras para a mobilidade urbana.
Com a realização dos dois maiores eventos esportivos mundiais (Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos), o Governo Federal financiou grandes projetos de mobilidade urbana, focados em BRTs e VLTs, alguns deles inacabados. Na continuidade baixou o patamar que atendia mais os municípios médios e pequenos. Os programas não deslancharam pela incapacidade dos Governos Estaduais e Municipais em tomar os financiamentos. Todos querem o apoio federal, mas a "fundo perdido", isto é, não por empréstimos, ainda que com juros favorecidos, com obrigação de amortização.
Por outro lado o Governo Federal ainda não sabe se continuará ou não explorando linhas férreas suburbanas, algumas transformadas em metrô e outras operando em condições precárias. Dessa forma o tema estacionamento não entra na agenda do Governo, a não ser pela indignação dos novos funcionários públicos federais, que não têm direito ao carro público e são obrigados a usar o veículo próprio, não encontram vaga para estacionar o seu carro em áreas públicas e quando vão a estacionamentos pagos acham que são caros, ou pior, "um absurdo". E todos entoam o mesmo grito de guerra: "Alguém tem que fazer alguma coisa".
Mas quando chegam a um cargo com algum poder para "fazer alguma coisa" percebem quão pouco podem fazer e que o negócio estacionamento pago não é aquela maravilha que acham enquanto usuários.
Essa ilusão de "negócio da China" está levando as autoridades, agora sob a égide do liberalismo econômico, a privatizar os estacionamentos públicos, esperando captar grande soma de dinheiro, cobrando outorgas fantásticas e inviáveis.
Os estudos de viabilidade econômica encomendados pelas autoridades tendem a menosprezar dois elementos que afetam profundamente o negócio estacionamento: o horário de funcionamento, diante da variação da demanda, e o risco de demanda dos estacionamentos, em função de mudanças na demanda primária, sobre a qual não têm capacidade de gerenciar.
A desinformação poderá levar as novas autoridades a decisões precipitadas e inadequadas.
*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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