Por Jorge Hori*
A economia brasileira deve retomar lentamente um processo continuado ascendente de crescimento revertendo o processo descendente em que ingressou a partir do segundo semestre de 2014.
Originado por um enfraquecimento do consumo das famílias, afetou o volume de vendas do comércio e de serviços, causando inicialmente uma redução nas contratações de trabalhadores e uma redução de encomendas às indústrias, que já vinham sofrendo um processo de redução de quadros. Com menos empregos e menos renda, o círculo se fechou num patamar mais baixo de consumo, determinando menos vendas no comércio, menor uso de serviços, menores encomendas à indústria, mais desemprego.
O processo recessivo se acelerou em 2015, pelas tentativas de ajuste fiscal, principalmente pelas correções tarifárias e aumentos da taxa de juros básicas (Selic) para conter uma suposta inflação de demanda.
A crise política deflagrada pela aprovação do pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff agravou ainda mais o quadro pela predominância de um clima de incertezas.
Em 2015 todos os fatores tiveram impactos negativos sobre a economia, exceto as exportações de grãos, apesar da queda nas cotações internacionais. Estas seguiram elevadas, assegurando superavit comerciais, associadas à redução das importações, afastando o risco de crise cambial.
Toda essa trajetória seguiu o seu rumo - ladeira abaixo - aguardando o desfecho do processo de impeachment. Em maio, a presidente foi afastada, mas só no final de agosto houve a decisão final de retirada do cargo. Ainda que dependente de recursos ao STF, os agentes econômicos, na sua maioria, não acreditam no seu retorno. Todos os olhos estão voltados para o Governo Temer, agora tornado definitivo.
A confiança retornou, mas ainda com cautela. Alguns empresários ainda estão esperando pela aprovação de reformas pelo Congresso. Outros já estão aumentando a produção, contando com uma demanda maior proximamente.
Os indícios são de que a economia já reverteu a direção, voltando a subir e não continuando a descida. Mas não há clareza, tampouco consenso sobre a velocidade.
O crescimento econômico só se consolidará com um aumento continuado do consumo familiar. A sociedade é tomada por uma visão pessimista, em função de casos conhecidos de desemprego e perda de renda. A sensação é de que ninguém tem dinheiro e por isso não há consumo.
O que chama atenção é o índice de 12% de desocupação, com 12 milhões de desempregados. Mas se esses estão desocupados, significa que 88% estão empregados, representando 88 milhões de trabalhadores tendo uma renda mensal. Mas, dadas as circunstâncias, eles estão contendo as despesas. Assim como buscando os preços mais em conta. No grande varejo as promoções reais atraem grande público, que aproveita os preços mais baixos. Os que mantêm preços mais altos têm vendido menos.
Ou seja, há uma compressão do consumo e, com um mercado menor, algumas empresas são "expulsas" do mercado. Supostamente as que permanecem são as que são mais competentes na gestão, ajustando-se às circunstâncias, ou as com maior fôlego financeiro.
Com relação à evolução econômica, o setor já sofreu uma contração de demanda, mas - no conjunto - deverá manter o nível de atividades. O que não é verdade para cada empresa. Algumas unidades deverão sair do mercado.
A evolução econômica de um estacionamento não vai decorrer apenas da evolução macroeconômica, mas - principalmente - das decisões dos empresários e executivos em relação aos locais de instalação dos seus escritórios.
Diante da recessão os locatários estão negociando o valor dos aluguéis, buscando reduzi-los. Quando não conseguem, mudam de local. Quando mudam de local determinam uma queda de demanda do estacionamento que atendia os funcionários da locatária.
Os estacionamentos localizados em edifícios comerciais cujos locadores das salas são renitentes em não reajustar para baixo os aluguéis, tendem a perder demanda pela transferência dos locatários das salas que buscam aluguéis mais em conta.
Mas há que considerar o investimento em instalações. Para locatários que investiram fortemente em instalações fixas, mesmo que não consigam reduzir os aluguéis o custo de transferência poderá ser muito alto.
A evolução macroeconômica será o pano de fundo das perspectivas da atividade de estacionamento. Para cada estabelecimento o que vai influir no seu negócio é a demanda localizada. Ela também pode se transferir para acompanhar a mudança da sua demanda.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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