“A década de 2020 dá todos os sinais de que será a mais disruptiva da história do setor automotivo e da mobilidade.”
Foi com esta premissa que o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, apresentou dia 6, na sede da entidade em São Paulo, um levantamento sobre a evolução da indústria nos últimos 10 anos no Brasil, reunindo dados de mercado, investimentos, o tamanho da indústria brasileira no mundo, além da mudança do carro nacional, do perfil do consumidor diante da nova mobilidade e outros assuntos relevantes que impactaram o setor na última década e como esta transformação pode indicar o que está por vir.
Em 10 anos, o Brasil ganhou 16 novas fábricas de veículos, das quais oito são de empresas que ainda não tinham nenhuma unidade fabril por aqui. O parque industrial automotivo conta atualmente com 67 fábricas espalhadas em dez estados da federação, considerando as plantas de automóveis e comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas e rodoviárias.
Entre 2010 e 2019, as empresas instaladas no Brasil receberam o equivalente a US$ 29 bilhões em investimentos vindos de suas matrizes, enquanto as remessas de lucros somaram US$ 18,9 bilhões no mesmo período. Segundo a Anfavea, os investimentos foram aplicados não só em novos produtos, tecnologias e fábricas, mas também na manutenção das operações durante a crise.
“Se não fôssemos empresas internacionais, nem todos estariam aqui”, comenta o presidente da Anfavea.
Com tudo isso, as fabricantes dispõem de 2,4 mil modelos de veículos para o mercado brasileiro, considerando apenas o segmento de automóveis e utilitários leves e incluindo diferentes versões do mesmo modelo.
No entanto, muito do que o mercado interno absorveu em termos de veículos foi feito fora daqui: em dez anos, o País importou 5,1 milhões de unidades, volume que corresponde a 17% do total vendido no período. A maior parte, 6%, veio do vizinho Argentina, além de 2% do México e 1% da Alemanha, citando apenas os mais relevantes.
Na outra ponta da balança, as exportações tiveram quase o mesmo volume, 5,2 milhões de veículos feitos no Brasil e embarcados para outros mercados. Deste total, 49% teve a Argentina como destino, seguida pelo México, com 17%, Colômbia com 12% e Chile com 8%. Outros 10% incluem vendas para países da Europa e Ásia. Segundo a Anfavea, a participação das exportações com relação ao volume de produção de cada ano oscilou ao longo da última década entre 11% e 28%, sendo que no ano passado essa fatia foi de 14%.
Para Moraes, as exportações em baixa refletem um problema estrutural do País: “O mix de exportação é muito baixo; a reforma tributária tem que resolver isso”, defende.
A NOVA MOBILIDADE
A Anfavea aponta que atualmente no Brasil os consumidores contam com 250 diferentes aplicativos relacionados à mobilidade. Para o presidente da entidade, o novo cenário disruptivo já afeta a relação de posse do carro com o uso.
“Isso mostra que os consumidores estão cada vez mais interessados em pagar apenas pela utilização do carro, o que já afeta no nosso mercado, por exemplo, nas vendas diretas: parte do que vendemos para locadoras são oferecidos como serviço para empresas que não querem gerenciar uma frota, mas que precisam de uma; a manutenção e todo o resto fica por conta da locadora”, exemplifica.
Moraes analisa que esta transformação global e que chega para todos os mercados, embora em diferentes tempos e formas, levam a indústria a repensar seus modelos de negócio e a criar outras estratégias para o futuro da indústria. Parte dessas mudanças já está acontecendo e muitas delas partem da área de serviços.
“A década de 2020 dá todos os sinais de que será a mais disruptiva da história do setor automotivo e da mobilidade.
Fonte: Automotive Business, 06/02/2020