Parking News

Estacionamentos são solução para a mobilidade

 

Por Jorge Hori* - Estacionamento de veículos é um fenômeno concreto, visível e malvisto... pelos outros.

Para quem procura uma vaga ou consegue uma vaga o estacionamento é uma necessidade, uma solução.
Para quem procura uma vaga e não encontra facilmente é um problema. Reclama, esbraveja: "Essa gente não tem onde parar?" Se está num automóvel, preso num congestionamento, numa rua com carros estacionados dos dois lados, reclama da Prefeitura: "Cadê o Governo que não faz nada? Deixa esta bagunça". Se vai para um estacionamento pago, resolve o seu problema físico, mas reclama do preço.
Do ponto de vista pessoal, deixar o carro em casa e usar um de aplicativo é uma solução: ele o deixa exatamente no seu destino e não precisa se preocupar com o estacionamento. Se a viagem não for longa, fica até mais barato que o estacionamento. Às vezes ilusório, porque - na conta simples - não está contando o custo da volta. “Mas posso voltar de metrô.”

Se é bom para a pessoa é ruim para a cidade. O impacto na cidade não é claramente percebido. Uber, 99 e outros gastam muito dinheiro para tentar convencer os outros de que é também melhor para a cidade, gerando narrativas falsas que dominam as mentes das pessoas, mas não correspondem à realidade.

O automóvel é um veículo de transporte que está sempre em duas situações: circulando ou estacionado. No primeiro caso está ocupando um espaço na via pública, na pista de rolamento. O tempo de ocupação depende da sua velocidade, que pode ser zero, se estiver num congestionamento. Quanto mais tempo, maior problema para os outros e para a cidade. No segundo caso estará usando um espaço lateral da via pública ou um espaço privado. Ao ocupar o espaço na via pública reduz o espaço de circulação e reduz a velocidade do carro. Gera ou aumenta o congestionamento.

Com os aplicativos, supostamente há menos carros  em circulação, com parte estacionados na origem: o dono do carro não sai com ele, mas pode ter deixado na rua, próximo à sua residência. Fica muito tempo parado.

O motorista do aplicativo pega o usuário em casa (na origem) faz a viagem até o escritório do usuário (destino), substituiu a circulação do carro do usuário. Não aumentou, nem diminuiu a circulação. Em seguida vai buscar um novo usuário. Substitui a circulação do automóvel do segundo usuário, mas igualmente com soma zero: falso. Do destino do primeiro usuário à origem do segundo, o motorista do aplicativo está fazendo uma viagem a mais. Sem passageiro ou usuário, mas circulando mais.

Ao fazer até 30 viagens por dia, trabalhando  até 15 horas, supostamente, ele está acumulando 30 circulações de soma zero. Não muda o conjunto. Matematicamente falsa. Ele está fazendo mais 29 viagens de ocupação da faixa carroçável de vias públicas, aumentando a circulação... e os congestionamentos.

Uma conta simples: em média faz uma corrida com passageiro de 15 minutos, ocupando as vias pública durante 450 minutos. Com mais 10 minutos, em média, de uma viagem com passageiro a outra, estaria circulando mais 290 minutos, fora a sua viagem inicial de casa para pegar o primeiro usuário ou a última, deixando o usuário no seu destino e voltando para casa. Tomando a mesma média, ele estará circulando durante 760 minutos. Ficando na rua 900 minutos por dia, estará parado por 140 minutos. Pouco mais de 2 horas. Onde ficará parado durante esse tempo?

Não será em estacionamentos particulares, onde tem que pagar pela permanência. Certamente é na via pública, perturbando o trânsito.

Apesar da crise econômica, ou até por causa dela, aumentou e continua aumentando a demanda por vagas para estacionamento. Mas não nos estacionamentos pagos. A difusão dos aplicativos explica.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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