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Os serviços transformam e redesenham o varejo do futuro

Marcos Gouvêa de Souza - “Teste rápido: Quantas lavanderias OMO, lançadas em 2020, com a marca do tradicional sabão em pó da Unilever, estão em operação hoje no Brasil?

  1. a) 50
  2. b) 100
  3. c) 200
  4. d) 300
  5. e) nenhuma das anteriores

Qual sua resposta? Neste caso depende.

Se formos considerar apenas as lojas físicas, a alternativa ”d” seria a mais correta. Mas, se formos considerar as lojas compartilhadas instaladas em condomínios residenciais e comerciais, deveríamos somar mais 3.200 unidades, elevando o número total para mais do que 3.500, com projeto de chegar a 4.500 até final deste ano.

É uma estratégia marcante de evolução de uma marca, integrando produto e serviços para chegar ao consumidor final e inovando em todo o modelo de negócio.

Da mesma forma como JBS já opera mais de 670 unidades Swift no Brasil, envolvendo lojas físicas tradicionais, unidades em supermercados, lojas móveis e mais os canais digitais. Os serviços estão embarcados nos diferentes cortes e alternativas de carnes, congelados, pratos prontos, lanches e ainda frutas e legumes congelados individualmente, atuando de forma inovadora no mundo para essas categorias de produtos indo direto ao consumidor final.

Da mesma forma, a RD, antiga Raia Drogasil, começou a operar na frente de aplicação de vacinas e outros atendimentos, avançando na frente de serviços. Com uma contribuição ainda baixa no faturamento total do grupo, teve uma participação de 38% no total das vendas de vacinas no setor farmacêutico do Brasil.

E, de alguma forma, inspira-se na CVS nos Estados Unidos onde o segmento de serviços (CVS Caremark) representa 47,3% da receita total de US$ 358 bilhões anuais.

É um movimento irreversível.

Os serviços no varejo, oferecidos pelos operadores tradicionais ou pela indústria atuando direto no varejo, como Apple, Nike, P&G e muitos outros, crescerão de forma muito maior que a venda de produtos, pois ainda estão no início de seu ciclo de crescimento.

A lógica fundamental é que os dispêndios dos consumidores com serviços serão cada vez maior em relação às compras de produtos em si.

O que acontece com os serviços no varejo no mundo é resultado do processo em rápida transformação e envolve a realocação de dispêndios das famílias entre produtos e serviços, o que tem estimulado também a indústria e as marcas a repensarem suas estratégias de negócios.”

A indústria farmacêutica também tem avançado, de certa forma, nessa frente, com seus programas de relacionamento com consumidores, como a Pfizer, Sanofi, Medley, Bayer, Boehringer, AstraZeneca, Novartis e outras, que, ao agregar serviços, informação e relacionamento, criam conexão direta com os consumidores e podem melhor entender e atuar no mercado, prestando serviços e vendendo através do canal farmacêutico tradicional.

Sem esquecer tudo que envolve os serviços financeiros, capítulo à parte, com muitas empresas de varejo incorporando essa frente ao seu portfólio de produtos e potencializando sua relação direta, constante, pessoal ou virtual com seus clientes e consumidores.

O varejo tem avançado na incorporação de serviços que envolvam a área financeira, na qual o Brasil foi um dos precursores globais com a evolução dos operações de crédito e que ao longo do tempo assumiram outra dimensão.

Atualmente, Magalu, Mercado Livre, Renner, Riachuelo, Carrefour e outros têm operado de forma cada vez mais consistente e rentável nessa frente.

Mas é no setor alimentar onde está a mais importante constatação dessa transformação com a crescente evolução do foodservice, que representa tudo que envolve alimentos preparados fora do lar.

Nos Estados Unidos, a participação total de tudo o que envolve alimentos preparados fora do lar em relação ao total dos dispêndios com alimentação, incluindo delivery, take away e outras modalidades, está próximo a 58% do total de despesas com alimentos. E crescendo.

No Brasil, essa participação está em torno de 33%, com tendência de crescimento, especialmente pelas frentes que envolvem a expansão da participação ampliada do foodservice, incluindo a expansão dos setores de fast- food, restaurantes, bares e delivery, apesar da ainda limitada participação dos setores de super, hipers e conveniência, que ainda não se deram conta da transformação estrutural que envolve o setor de alimentos.

O repensar de estratégias e negócios, diante do avanço da participação dos serviços nos dispêndios, é um tema que se torna ainda mais relevante pela aceleração dos ciclos que temos vivido e pela crescente atuação direta das indústrias e marcas no próprio varejo, físico e digital — e, como se vê, também integrando mais serviços.

Vale a reflexão.

E, acima de tudo, ação.

Marcos Gouvêa de Souza é fundador e diretor-geral da Gouvêa Ecosystem e publisher da plataforma Mercado&Consumo.

*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.

Mercado&Consumo, 05/05/2025

Categoria: Geral


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