Por Jorge Hori* - Os cenários políticos de 2020 serão fortemente determinados pelas decisões, ações e confrontos de 2019.
O primeiro ano de um novo e inusitado Governo, com propostas de quebrar a continuidade de um processo político tradicional, deixa clara a natureza pessoal do presidente, assim como o reagrupamento das demais forças políticas em função daquela.
O objetivo de Jair Bolsonaro é o poder. Para efetivar algumas poucas visões pessoais sobre a vida no país e para atender aos seus apoiadores. Não pretende governar para todos os brasileiros, mas apenas para o "seu povo", que ele acredita ser a maioria da população brasileira. E se contrapor aos "contra nós".
Nesse sentido não é um governo estritamente republicano em que "todos são iguais perante a lei". Alguns são "mais iguais"...
Ao longo do primeiro ano de Governo, Bolsonaro ampliou o contingente "contra nós", com o confronto com a velha política, com quem teve que se associar para aprovar medidas por ele propostas.
O resultado político é que não tem controle algum sobre o Legislativo, a partir de uma base parlamentar. Na Câmara, Rodrigo Maia assumiu plenamente o comando da casa, com uma gestão independente do Governo e às vezes em oposição. Essa situação vai se reforçar em 2020. No Senado, por ação do seu núcleo político ainda conseguiu a adesão do presidente Alcolumbre, dentro dos procedimentos da velha política, mas já a teria perdido. Formou uma base política, junto ao MDB, igualmente enfraquecida.
Um confronto com a direção do PSL, partido pelo qual foi eleito e era a única base parlamentar inteiramente fiel, enfraqueceu mais ainda a sua posição junto ao parlamento.
Em 2020 não conseguirá viabilizar nenhuma medida legislativa que não esteja de acordo com as presidências das Casas. Inclusive de vetos que serão derrubados.
O processo legislativo ocorrerá por entendimentos entre facções do Governo, diretamente com o Legislativo, para que esse encampe as propostas.
O comando legislativo será inteiramente do Poder Legislativo, incluindo o Orçamento da União.
Terá que se limitar a gerir a máquina federal com um grande contingenciamento de recursos.
O seu poder dependerá da melhoria da vida dos brasileiros. Não só da vida econômica, definida por emprego, renda e carestia, mas das condições ou sensação de segurança (pessoal, jurídica e outras), das condições éticas e das relações sociais de convivência. As pessoas querem ter a sensação de que estão vivendo melhor e esperam que isso seja proporcionado pelo Governo.
Além dos integrantes da seita bolsonarista, de apoio incondicional, o Governo ainda mantém o apoio de grande parte do empresariado brasileiro, com esperança de que aquele vai melhorar a economia e daqueles que acreditam que o Governo está trabalhando muito, mas não sabe comunicar.
Até quando os empresários que mantêm o seu apoio permanecerão com ele, diante de uma demanda que persiste em não crescer, na maioria dos setores da economia? Mesmo com uma pequena melhoria nos empregos.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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