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O que esperar da economia nos próximos dias

 

Os setores de serviços e turismo devem ser os mais impactados pela onda de crescimento da economia americana, cuja recuperação beneficia principalmente as classes mais altas. No Brasil, as previsões de mercado para o PIB começam a se aproximar de um crescimento de 5% e o câmbio deve continuar se valorizando.
Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo”, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.
Cenário econômico internacional

A recuperação da economia americana é heterogênea entre as classes. Apesar da consistência do crescimento, ela é muito concentrada nas classes mais altas, que perderam menos emprego e que mantiveram seus ativos valorizados por conta da política monetária mais frouxa do Banco Central daquele país. A tendência deve ser mantida até o final do ano, com o avanço da vacinação. Serviços e turismo devem ser os mais atingidos por essa onda de crescimento.
O mercado de trabalho segue se recuperando, mas ainda com menos intensidade do que a esperada. O interessante é que por um motivo inusitado: há grande demanda por mão de obra, mas pouca oferta. A cautela com a pandemia e a necessidade de ficar em casa para cuidar dos filhos tiram mais de 10 milhões de trabalhadores do mercado de trabalho. O nível de desemprego caiu para 5,8%, acima do pré-pandemia, mas o melhor resultado desde o início do contágio.
A inflação ao produtor da China continua crescendo por conta de commodities, mas ainda não foi repassada ao consumidor. Há duas alternativas para a dinâmica da economia: a primeira seria diminuir o lucro das empresas para não repassar ao consumidor e a segunda seria o aumento da inflação final. O governo não quer correr risco de inflação, portanto vem restringindo as políticas monetária e fiscal. A tendência é de crescimento mais moderado no longo prazo.
O governo chinês também se preocupa com seu endividamento, em torno de US$ 15 trilhões, que já mostra dificuldades em rolagem da dívida: os juros pedidos são mais elevados. Os governos das províncias também estão com dividas elevadas: com a pressão por resultados, eles lançaram mão de dívidas “escondidas” captadas por organismos ligados aos governos, mas que não aparecem na contabilidade oficial.
Cenário econômico do Brasil

O PIB do primeiro trimestre, divulgado pelo IBGE, mostrou um crescimento em relação ao trimestre anterior, dessazonalizado, de 1,2%. O resultado veio acima da previsão média do mercado (0,8%) e continua surpreendendo pela magnitude. Pelo lado da oferta, o setor agropecuário puxou o crescimento, com alta de 5,7%, seguido por indústria, com 0,7%, e serviços, com 0,4%. Pelo lado da demanda, a formação bruta de capital fixo (que são os investimentos das empresas mais os estoques) subiu incríveis 4,6% e o consumo das famílias e do governo teve queda de 0,1% e 0,8%, respectivamente. Em valores nominais, o PIB trimestral somou R$ 2,048 trilhões.
O resultado já traz um carry over de 4,9%. Isso significa que se o crescimento do PIB do segundo, do terceiro e do quarto trimestre apresentarem crescimento zero na margem, o PIB do ano ainda assim terá um crescimento de 4,9%. Com isso, as previsões de mercado começam a se aproximar de um crescimento de 5%.
Já a produção industrial surpreendeu para baixo, caindo 1,3% em abril com relação a março. Voltamos a ficar 1% abaixo do pré-pandemia, lembrando que em janeiro estávamos 3,5% maiores do que antes da pandemia. O resultado é ruim, mas a recomposição de estoques e o setor externo positivo podem ajudar a melhorar o resultado no restante do ano.
O setor externo apresentou números bem expressivos. O saldo de transações correntes de abril mostrou superávit de US$ 5,6 bilhões, lembrando que essa rubrica mede o comércio internacional de bens e serviços. Só a balança comercial, que mede apenas os bens, mostrou superávit de US$ 9,1 bilhões. Tudo continua muito tranquilo nas contas externas do País. O câmbio sente e deve continuar se valorizando.
Fontes: Mercado&Consumo/Gouvêa Analytics, 07/06/2021

Categoria: Artigos


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