Por Jorge Hori* - Com a definição no próximo domingo, dia 28 de outubro de 2018, da eleição do novo presidente e de novos governadores, a economia brasileira terá no futuro próximo três etapas, a primeira com datas definidas e as duas outras com datas móveis.
A primeira etapa será de 29 de outubro até 31 de dezembro, em dois níveis: Estado e mercado.
No nível do Estado há ainda um conjunto de medidas legislativas que poderão ser aceleradas ou retardadas. E haverá um grande ativismo judiciário, provocado pelas partes perdedoras.
O mercado, na hipótese mais provável que é a vitória de Jair Bolsonaro, poderá acelerar as medidas de aumento da produção e de investimentos, dentro de um ambiente de maior confiança e perspectivas favoráveis.
A curto prazo, a reação mais importante será do consumidor final em relação aos bens duráveis e aos imóveis.
Supostamente, há uma contenção do consumidor, em função das incertezas em relação ao futuro, principalmente pelo risco do desemprego e perda de renda.
Essa incerteza restringe a tomada de financiamentos para a compra de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos, automóvel e outros, assim como para a compra de imóveis.
De um lado a visão de perspectivas mais favoráveis aumentará a propensão para compras financiadas, mas ainda enfrentará dificuldades bancárias: seja em função do endividamento atual, das limitações cadastrais, como pelos elevados custos dos financiamentos.
A dinamização do consumo com financiamentos dependerá mais do mercado financeiro do que do governo.
A perspectiva será de uma atuação conservadora dos grandes bancos e a maior ousadia de bancos médios e das fintechs.
Esses tendem a assumir maiores riscos e ampliar os empréstimos com menores taxas e menores exigências. E serão mais ágeis do que os grandes bancos.
Poderão criar um novo ambiente de mercado que fará com que os grandes bancos tenham de seguir a tendência de reduzir as taxas de juros finais para os consumidores.
Com isso, o principal setor a ser favorecido é o mercado automobilístico, com a aceleração da renovação da frota. Com a crise, a reação do consumidor é retardar a renovação, permanecendo com o carro atual por mais tempo. Quando o ambiente e as perspectivas econômicas melhoram a tendência, é não esperar por mais tempo e "trocar de carro" em prazo menor.
Um segmento importante é o de táxis, que passou de média de dois anos para a renovação para cerca de três anos. Deverá voltar ao patamar anterior. Os uberistas terão também que acelerar a renovação.
A indústria automobilística venderá mais, mas o aumento da frota nas grandes cidades não deverá ser significativo. A maior parte das compras será de mera renovação. Mas a viabilização dessa depende da venda dos seminovos em outros mercados, principalmente nas cidades médias do interior e também em capitais menores.
Os estacionamentos das grandes cidades poderão não ter um impacto significativo da retomada, mas essa será relevante em outras cidades.
O setor de estacionamentos irá crescer como um todo, mas não para todos.
Só terão crescimento os que souberem captar os sinais do mercado, ou estiverem no "lugar certo, no momento certo".
*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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