Começaram a valer ontem (3) novas normas para a gasolina brasileira, que deixam o combustível com mais qualidade e também devem elevar seu custo. A expectativa do Regran, um dos sindicatos do comércio varejista de combustível da Grande São Paulo, é que o preço nas bombas possa subir até R$ 0,10 por litro, mas ainda sem mudanças para esta primeira semana.
A Petrobras afirma que haverá ganho de rendimento de 5%, em média, em relação a gasolina vendida antes, o que “compensará uma eventual diferença no preço, porque o consumidor vai rodar mais quilômetros por litro”. A melhora faz com que o combustível seja também menos poluente. “Além disso, proporciona melhora no desempenho do motor, melhor dirigibilidade, menor tempo de resposta na partida a frio e aquecimento adequado do motor”, explica a empresa.
As novas especificações foram estabelecidas pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) na resolução 807/2020, aprovada em janeiro e que passa a valer agora em agosto. A partir de hoje, distribuidoras têm 60 dias para se adequarem e revendedores, 90 dias.
Mas o presidente do Regram, Wagner de Souza, diz acreditar que a nova gasolina já chegue nesta semana nos postos da região metropolitana. “O prazo de adequação vale mais para cidades rurais. Os estoques na região urbana duram no máximo uma semana.”
Souza explica, porém, que a nova norma não exige neste prazo de adaptação que o posto informe aos clientes se a gasolina vendida já é a nova. “O que a gente orienta é que o consumidor pergunte. O ideal é ter um posto de confiança para abastecer sempre”, disse.
A promessa é de que a gasolina seja mais difícil de ser fraudada também, já que a norma exige densidade limite. Nas adulterações, os fraudadores utilizam materiais mais leves e baratos para misturas.
PRINCIPAIS MUDANÇAS DA NOVA GASOLINA VENDIDA NOS POSTOS
DENSIDADE Será a primeira vez que a gasolina terá de respeitar volume mínimo de massa. Ela precisará ter 715 quilos por metro cúbico. Antes, os fornecedores só precisavam informar os valores. A massa específica da gasolina está relacionada à sua densidade, e quanto maior ela for, maior é a capacidade de um mesmo volume de combustível gerar energia. A gasolina mais densa tem mais energia disponível para ser convertida no momento da combustão, e isso fará com que os veículos sejam capazes de circular mais com menos combustível. A redução do consumo poderá ser de 4% a 6%
EVAPORAÇÃO Outra novidade é o estabelecimento de uma faixa com limite máximo e mínimo de temperatura para evaporação de 50% da gasolina, parâmetro chamado de destilação e que mede a volatilidade do combustível. Antes, a ANP regulava apenas o limite máximo. Um perfil adequado de destilação melhora a qualidade da combustão em ponto morto, na dirigibilidade, no tempo de resposta na partida a frio e no aquecimento adequado
RESISTÊNCIA À DETONAÇÃO A terceira mudança é na medição da octanagem, que é importante para controlar a resistência da gasolina à detonação. Quando o combustível tem uma octanagem adequada, ele resiste mais à detonação, o que faz com que ela ocorra apenas no momento certo dentro do motor. Esse parâmetro evita um problema conhecido como batida de pino, uma ignição precoce que causa danos ao motor. Antes, só havia especificação prevista no país para a octanagem MON e o IAD (Índice de Octanagem), que é a média aritmética entre as octanagens MON e RON. A diferença entre as duas medições é que a octanagem MON mede a resistência à detonação em uma rotação mais alta, e a octanagem RON mede o mesmo parâmetro em rotações mais baixas. O controle da octanagem RON é mais relevante que o da MON, e por isso as novas especificações exigem um mínimo de octanagem RON, que é de 92 para a gasolina comum, e de 97 para a gasolina premium
FRAUDES As novas regras ajudam no combate ao combustível adulterado. Fraudadores adicionam produtos leves e baratos à gasolina para ganhar volume. As especificações que exigem uma gasolina mais densa tornarão esses crimes mais fáceis de serem identificados.
Fonte: Metro Jornal, 03/08/2020
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