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Mudanças de comportamento e o novo normal

 

Por Jorge Hori* - Com a pandemia do coronavírus, SARS-COV2, causadora da COVID, obrigando as pessoas a mudarem de comportamento, os movimentos anticarro fortaleceram suas esperanças de que a sociedade iria mudar radicalmente para uma vida com menos carbono. Com o domínio da mídia, lideranças bem formadas e articuladas levaram a sociedade urbana a acreditar que a pandemia viabilizaria a ou anteciparia a utopia da "cidade sem carro".
O principal indicador nesse sentido foi o "fique em casa", com um grande número de pessoas não saindo, deixando o carro na garagem e adotando o "home office", as aulas a distância e o uso mais intenso das entregas em domicílio (delivery) de alimentos prontos e de compras de produtos.
A continuidade da pandemia, no entanto, mostrou que a amplitude desse movimento de renovação era muito menor do que alardeado, alcançando apenas parte da população, os estratos de média e alta renda, com espaços suficientes em casa para o home office.
A classe média, que caminhou para o modelo de morar em espaços menores, mas mais próximos dos centros de serviços, para maior socialização e aproveitamento dos espaços coletivos, foi obrigada a se confinar em casa.
Em termos atuais, a classe média aceitou a convivência menor com a família, para se aglomerar nos restaurantes "a kilo" ou "fast food", nos bares, nos eventos coletivos e maior utilização dos espaços públicos abertos, etc.
Esse estilo de vida teve um grande choque e as famílias tiveram que conviver em pequenos ou minúsculos espaços internos, para o trabalho em casa, o ensino a distância dos filhos e ter que cuidar mais de afazeres domésticos, sem o auxílio da empregada. O único computador da casa teve que ser disputado entre os seus membros. Assim como o espaço aonde localizá-lo. A saída foi o celular, mas também disputado.
Aguentar esse novo normal, por pouco tempo, acreditando que a pandemia se dissiparia, ou que os medicamentos do tratamento precoce seriam eficazes, levou à frustração.
Ao contrário, se agravou e depois de três meses, já no segundo semestre de 2020, a expectativa passou a ser a retomada da normalidade só em 2021, com as vacinas.
Muitos não aguentaram e resolveram voltar ao seu normal, no último trimestre do ano. Não quiseram abdicar das compras e festas do final do ano. Tampouco deixar de ir às praias, nos dias ensolarados.
As consequências foram um enorme surto de contaminações e mortes, ambiente de comoção e maior rigor nas restrições, mas não obedecidos amplamente. Muitos governos tiveram que recorrer às restrições totais, o "lockdown".
A vacinação em massa está defasada em relação à ansiedade da população e o prolongamento da transição não ajudará uma normalização muito diferente do velho normal.
O novo normal ocorrerá, mas sem rupturas maiores, ficando muito semelhante ao velho normal, com impactos pontuais.
Um deles será nos edifícios comerciais de alto padrão, com estacionamentos próprios.
Como o mercado imobiliário irá se ajustar às novas realidades é ainda uma incógnita, afetando a atividade econômica dos estacionamentos.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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