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Itaim tem imóvel de R$ 46 milhões e mata atlântica em prédios residenciais

Muitos frequentadores do parque do Povo —talvez o nome menos próximo da realidade já imaginado para ele —, devem ter olhado para o skyline de prédios vizinhos e lembrado do Central Park, de Nova York. Guardadas as proporções, há mesmo algo de 59th Street na visão de quem está no parque paulistano.

Ao norte, prédios no estilo neoclássico do século XXI, em que as balaustradas das varandas deram lugar a uma profusão de vidros; ao sul, edifícios corporativos icônicos, entre eles as torres gêmeas da São Paulo Corporate Towers, onde se alojam XP, DPZ&T, Microsoft etc.

As cercanias do parque são uma das atrações mais vistosas do distrito do Itaim-Bibi, destaque na comercialização de imóveis novos entre maio de 2023 e abril de 2024, segundo o Secovi (sindicato da habitação). E como se o bairro do Itaim-Bibi já não fosse atraente o suficiente, o distrito ainda incorpora starlets do mercado imobiliário como a Vila Olímpia e o Brooklin, áreas de grande expansão por conta do adensamento dos eixos de transporte e da proximidade com a avenida Faria Lima, estações de metrô e trem.

A região ferve. Entre janeiro e maio, segundo a startup Loft, houve aumento de 39% do volume de vendas de imóveis em comparação ao mesmo período de 2023. A valorização, de 10% em um ano, é fato digno de nota, segundo Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft, em razão de o Itaim "já ter um metro quadrado caro, sempre entre os três primeiros da cidade".

Com efeito, quem quiser comprar um apartamento no Palazzo Maggiore, o neoclássico na vizinhança do Parque do Povo, paga a partir de R$ 11 milhões, leva mais de 500 m² de área útil e seis vagas de garagem, mas, ainda assim, não garante vista para o "Central Park". Por R$ 15 milhões ou R$ 20 milhões, contudo, já dá para conversar.

Mariana Andrade, CEO da Revenda Imóvel, acredita que o valor do metro quadrado na região, em torno de R$ 16 mil, espelha a idade média relativamente alta dos edifícios. Mas a imobiliária é ecumênica, e comercializa também apartamentos novos, com preços "entre R$ 30 milhões e R$ 46 milhões".

Esse distrito vitaminado do Itaim é a epítome da São Paulo pujante. Inclui toda a Faria Lima do mercado financeiro (a sul da avenida Cidade Jardim), a avenida Luís Carlos Berrini e a Ponte Estaiada, hoje um dos mais afamados sightseeings paulistanos. O trânsito da região é problemático, e mesmo quem opta pela micromobilidade na Faria Lima não está livre de filas —no caso, da fila de bicicletas na ciclovia. Há uma tendência pós-pandemia, segundo Mariana, de que as pessoas morem próximas de seus locais de trabalho, o que explicaria uma "valorização ainda maior" da região.

Com apenas dez anos no mercado, a Gamaro iniciou sua história como incorporadora no distrito, na Vila Olímpia. Um começo inusitado, já que a família fundadora vinha da área educacional. Ao vender a Anhembi-Morumbi para o grupo Laureate, assumiu o patrimônio imobiliário e utilizou áreas antes ligadas à faculdade para edificar. O edifício Seed, na rua Casa do Ator, já carrega um claro traço de distinção dos projetos da Gamaro, as "florestas de bolso", com espécies de mata atlântica nas áreas comuns e ao longo dos 20 andares.

O botânico Ricardo Cardim, que se tornou o mais vocal defensor de plantas nativas no paisagismo nas metrópoles, teria a oportunidade de ampliar o alcance da ideia em O Parque, no Brooklin, complexo de uso misto da Gamaro que ainda tem 18% de suas 534 unidades (210 de apart-hotel) por comercializar com preços desde R$ 14.500 o m².

Num terreno de mais de 38 mil m² (com 10 mil m² de área verde), despontam uma torre comercial e duas residenciais muito altas, de 44 andares. No térreo aberto para a rua com 13 lojas há ainda o conjunto de cerca de 40 araucárias, abundantes um dia em torno do rio Pinheiros e suas várzeas, e por isso mesmo marca simbólica do paisagismo de Cardim ali.

Gerente de desenvolvimento da Gamaro, Maria Carolina Pierini disse à Folha que a empresa ainda prepara um lançamento para 2024 no "Itaim retinto", na rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, com "conceito mais jovem e mais classudo", agora com lofts e estúdios.

É também nascida no distrito do Itaim outra marca imobiliária rumorosa de São Paulo, a Vitacon. A empresa, que deu roupagem contemporânea ao que um dia foi conhecido por quitinete, oferecendo algum conforto e serviços dignos de hotel ao morador que troca espaço privativo por acesso a transporte público e conexão nas áreas comuns, tem na região "tipologias" variadas.

Há o "On", com unidades de 15 m² a 44 m² e espaço de coworking, bicicletário coberto e pequenas academia e piscina; o "Vitacon", com esses e outros features como estúdio de podcast, "sky" bar, uma copa e cozinha comum, espaço para recebimento de delivery —e metro quadrado a R$ 25 mil (o Vitacon Itaim). Há finalmente o "VN Millennium", a primeira incursão da Vitacon nos "grandes" espaços, com unidades de 34 m² a 176 m² e atrações mais familiares como quadras de tênis e squash.

O projeto mantém, contudo, as características de conexão e compartilhamento dos demais Vitacon. "Nossa sede por 12 anos ficou na Vila Olímpia, desbravamos a região, vimos sua expansão, a chegada das grandes empresas de tecnologia, e isso foi mudando nosso entendimento das tipologias, lojas e serviços que tínhamos de oferecer", diz Ariel Franklin, CEO e membro da família controladora da empresa.

Folha de S. Paulo - Mercado - SP - 27/07/2024

Categoria: Cidade


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