Por Jorge Hori* - Ainda no final do século XIX, com a expansão da cafeicultura em São Paulo, os "barões do café" deixaram as residências no Centro para se instalarem em áreas maiores e mais próximas a estações de trem. As linhas que serviam as áreas cafeeiras tinham como principal ponto de referência, em São Paulo, a Estação da Luz. Os trens de passageiros para o Interior partiam dela. O café produzido seguia para Santos.
A área mais próxima à estação foi ocupada por hotéis. Os fazendeiros mais prósperos foram ocupar um loteamento mais nobre, com áreas maiores, onde puderam construir as suas mansões. Alguns até palácios, como o de Campos Elísios, posteriormente sede do Governo do Estado, durante muitos anos.
Por razões sanitárias - reais ou criadas - foi instalado um novo loteamento, de alto padrão, caracterizado como Higienópolis. E os "barões de café" subiram mais, na montanhosa região de São Paulo, alcançando o seu topo: o "espigão" da Avenida Paulista.
Campos Elísios e a área lindeira da Estação da Luz entraram em decadência como principal moradia na cidade dos fazendeiros.
Ainda resistiram com a instalação da sede do Governo do Estado e repartições adjacentes, mas não suportaram a mudança daquela sede para o Morumbi.
A área lindeira da Estação da Luz sofreu mais fortemente a deterioração, com a instalação da primeira Cracolândia, centrada na Rua Mauá. Com um projeto da Prefeitura Municipal de revitalizar a área mediante a concessão urbanística, a Cracolândia foi expulsa, indo instalar-se do outro lado da Avenida Duque de Caxias, onde está o bairro dos Campos Elísios.
Com as oposições ao projeto de revitalização e a mudança de gestão, a Prefeitura Municipal desistiu do projeto.
A área pesquisada pelo Sindepark, envolvendo as avenidas São João, Duque de Caxias, Casper Líbero e as ruas Mauá e Seminário, tem como principal polo comercial o centro de eletrônicos da rua Santa Efigênia.
Na área foram encontrados 82 estacionamentos, com 6.266 vagas e média de 76,41 vagas por estabelecimento. Não identificamos na localidade nenhum megaestacionamento que poderia distorcer o índice, podendo a área ser caracterizada com sendo de pequenos a médios estacionamentos.
A predominância é de estacionamentos com área coberta, inclusive em terrenos. Do total, 75,61% são cobertos, enquanto os estacionamentos em terrenos são apenas 42,68%. Ou seja, muitos estacionamentos em terrenos contam com cobertura. A cobertura, ainda que em plástico, seria um elemento diferenciador dos estacionamentos em terrenos. Alguns têm parte com cobertura metálica, ou ainda em cimento amianto. O nível de preços não é muito diferente dos demais estacionamentos do Centro.
*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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