Por Jorge Hori* - A economia brasileira alçou voo no terceiro trimestre de 2019 e todos esperam que consiga subir mais nos períodos subsequentes e que não seja mais um "voo de galinha".
O motor da economia continuou sendo o consumo das famílias, que cresceu 0,8% em relação ao trimestre anterior e 1,9% sobre o mesmo trimestre do ano anterior.
Esse crescimento teria sido estimulado pela liberação excepcional de parcelas do FGTS, o que é efêmero, conforme demonstrou a experiência do Governo anterior.
O desemprego continua alto e a pequena melhoria não garante a sustentação de um crescimento continuado.
O consumo das famílias está tomando formato diferente, como demonstrou o movimento do "black friday". As compras de bens duráveis não são contínuas, mas concentradas em determinados momentos. Os resultados do 4º trimestre de 2019 serão, provavelmente, melhores do que do anterior, nas duas comparações usuais, mas o primeiro trimestre de 2020 será de "ressaca". Será uma "ducha de água fria", culpando o Carnaval por mais um pouso da galinha. A esperança será o Dia das Mães, no 2º trimestre.
A melhoria dos investimentos anima os analistas, muitos dos quais percebem a fragilidade e os riscos desse crescimento, mas evitam dizer que pode ser uma "bolha", para não assustar e desanimar os investidores.
A melhoria da taxa de investimento não decorre de investimentos na melhoria da capacidade produtiva industrial ou para a redução do "Custo Brasil". Decorre de uma mudança nas aplicações dos rentistas, diante da redução da inflação e da taxa de juros básica.
Supostamente o investimento em imóveis para locação, tanto para residência como para uso empresarial, terá uma taxa de rentabilidade maior.
A contrapartida é que as pessoas preferirão o aluguel à compra, mesmo financiada, da sua moradia.
Essa percepção se baseia na suposição de que a economia vai melhorar, as pessoas terão mais emprego e terão recursos para pagar os aluguéis.
A esperança é por um circulo virtuoso, que não pode falhar em nenhum momento.
O motor do consumo das famílias está velho, fraco e rateando. O único fluido que o mantém em atividade, ainda que em baixa rotação, é o da esperança:
"Vamos conseguir salvar as crianças da caverna".
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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