Em um futuro não tão distante a mobilidade será mais fluida, autônoma, elétrica e completamente conectada. Esta é a parte conhecida. Falta descobrir como criar modelos de negócio e, assim, gerar receitas neste novo contexto. Para Leandro Esposito, country manager do Waze no Brasil, esta é a principal questão que as empresas precisarão responder para atuar no novo contexto.
Na entrevista a seguir ele fala de quais são, para o Waze, as principais questões e desafios sobre a nova mobilidade e aponta que o Brasil tem um ativo importante para colocar na discussão: o consumidor engajado e disposto a contribuir e colaborar.
- Quais são as discussões sobre mobilidade e setor automotivo mais necessárias no Brasil neste momento?
A discussão mais atual e interessante gira em torno da integração e otimização dos diversos modais existentes. Essa evolução irá trazer cada vez mais alternativas com qualidade e segurança. A saturação de vias públicas e o esgotamento da infraestrutura nas grandes cidades do mundo causam os enormes congestionamentos que estamos acostumados a ver.
Se, por um lado, o automóvel individual é um dos grandes causadores destes problemas, por outro, ele está presente no nosso dia a dia e tem uma grande importância na vida das pessoas. Ele transporta famílias, nos ajuda em médios e longos deslocamentos, chega em lugares aonde o transporte público não chega.
Se analisarmos os outros modais existentes: o transporte coletivo, os micromodais, os carros por aplicativos, todos possuem características muito diferentes no seu propósito. Por isso acreditamos que o futuro da mobilidade urbana esteja na conjunção de diversas iniciativas que combinam os setores público, privado e a consciência/atuação da população.
- Como o Brasil pode contribuir para a evolução da nova mobilidade no mundo?
Além de ser um país de proporções continentais com muitos centros urbanos, temos um fator único: nós! Os brasileiros historicamente adotam muito rápido novas soluções e tecnologias. Somos um povo curioso, criativo e social. Estamos sempre atrás de soluções - até mesmo porque sofremos diretamente com alguns desses gargalos.
Cerca de 80% das vias são ocupadas por carros que transportam somente 20% dos passageiros no nosso país, então acredito que a maior contribuição que o Brasil pode dar é propagar esse novo modo de pensar em colaboração e compartilhamento. Esta mudança de pensamento pode servir como modelo para o restante do mundo.
- Diante deste contexto, o que acha essencial colocar em pauta?
O mais crítico hoje em dia é o modelo de negócios do sistema de mobilidade. Esse tem sido o gargalo da indústria há anos e, se está acontecendo uma enorme mudança nos hábitos dos consumidores, teremos transformações nos modelos de negócio também.
Quando pensamos nas oportunidades que um momento de mobilidade digitalizada pode gerar, fico empolgado com esse futuro. Entender como as pessoas se movem nas nossas cidades e transformar esse momento em uma oportunidade relevante para as empresas e para os consumidores é o nosso dia a dia aqui no Waze. Esses novos modelos de negócio são um tema super-relevante.
Fonte: Automotive Business, 21/02/2020