Uma lista extensa de razões que têm levado um grande número de pessoas a abrir mão do carro próprio alimenta um fenômeno que vem ganhando espaço nas ruas das grandes cidades: os veículos compartilhados. Iniciativas públicas e privadas buscam oferecer soluções para motoristas que não têm condições ou desejo de ter carro próprio, mas que procuram uma alternativa pontual de mobilidade, de rápido acesso e fácil para tarefas do dia a dia ou uma viagem de final de semana. Os formatos de "carsharing" - compartilhamento de carros - de forma geral se inspiram nos programas similares para bicicletas, como o Bike Sampa.
O usuário se cadastra por meio de um aplicativo, escolhe o veículo mais próximo da sua localização e utiliza pelo tempo que desejar. O serviço é cobrado por hora e a devolução deve ser feita no mesmo local da retirada ou outras estações do programa. Em São Paulo, o substitutivo do Executivo ao Projeto de Lei 421/2015, de autoria do vereador José Police Neto (PSD), depende de uma última votação no plenário da Câmara. Entre as propostas, o texto regulamenta o compartilhamento de automóveis sem condutor e a carona solidária. Pelo modelo, empresas que operem o programa precisarão de permissões específicas da prefeitura para o estacionamento dos automóveis compartilhados em vagas fixas e exclusivas. "Há expectativa de votarmos o projeto ainda neste ano", diz Neto. Em Curitiba, a prefeitura planeja, até o final do ano, publicar o edital de implantação e operação do programa de compartilhamento de veículos elétricos.
O "carsharing" é a terceira etapa do Projeto Ecoelétrico, que teve início em 2013 quando a prefeitura se comprometeu a diminuir as emissões de gases no transporte da cidade. Desde então, foram adquiridos 11 veículos elétricos em comodato que são utilizados por quatro órgãos da prefeitura. A expectativa é que 50 veículos sejam disponibilizados à população, além de 30 estações de eletropostos, onde os veículos podem ser recarregados. O serviço será explorado pela iniciativa privada, por meio de concessão. A expectativa é que o edital seja lançado em dezembro e que o início de implantação do sistema ocorra no final do primeiro semestre de 2017. "Ainda não está definido se o sistema permitirá ao usuário deixar o veículo em qualquer lugar ou apenas nas vagas com eletropostos", informa o coordenador técnico do Projeto Ecoelétrico, Ivo Reck Neto. Enquanto as prefeituras buscam regulamentar o "carsharing", a iniciativa privada já tira seus projetos do papel.
No modelo proposto pela Zazcar, plataforma que atua em São Paulo desde 2012, o usuário encontra via app o veículo mais próximo da sua localização, efetua o cadastro e envia uma foto da CNH. Confirmada a escolha, tem 30 minutos para acessar o veículo. O destravamento ocorre pelo smartphone (via bluetooth) e a chave fica dentro do veículo. O serviço custa R$ 8 por hora, com acréscimo de R$ 0,50 por quilômetro rodado, e inclui seguro e combustível. A frota está espalhada por 50 pontos do centro expandido, como estacionamentos privados e condomínios corporativos. "Atualmente, são 3,5 mil usuários cadastrados. O modelo é sob demanda. O usuário escolhe o veículo e não precisa informar a data de devolução", explica o CEO Felipe Barroso.
Fonte: Valor Econômico - 28/10/2016