Já imaginou ter um automóvel capaz de saber, de antemão, a hora que você acorda, qual trajeto terá que fazer, quem estará a bordo e quais suas opções preferidas de climatização? Esqueça os veículos voadores dos Jetsons: para algumas montadoras, o futuro do setor automotivo estará baseado em carros autônomos, inteligentes e ultraconectados, que se adaptam aos gostos de seus donos.
Para entender as tendências, UOL Carros conheceu o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Mercedes-Benz em Sunnyvale (Califórnia), no coração do Vale do Silício. Lá, ouviu o que jovens e criativos executivos preparam para os próximos anos. A meta é construir veículos aptos a interagir com passageiros, ambiente externo e até com outros automóveis a fim de agir e reagir, por conta própria, em tempo real.
Ele sabe sua rotina
Para Rigel Smiroldo chefe do setor de inteligência artificial da Mercedes, carro do futuro será capaz de aprender rotina do dono e antecipar comandos.
"Ao obter dados como dia da semana, horário e quem está a bordo, ele irá sugerir por conta própria ajustes como estação de rádio a ser sintonizada, roteiro até o destino e temperatura do ar-condicionado. A cada uso ele aprenderá mais sobre seu proprietário."
Nada disso será possível sem mapas inteligentes. "Nossa interface já é capaz de gravar as preferências do usuário", ressalta Marcus Leal, gerente de produto do Google Maps. O próximo passo será fazer com que a navegação possa antever para onde o dono do carro está indo.
Interativo e... autônomo
O leitor mais atento já deve ter percebido que, para que todas as funcionalidades do carro do futuro sejam utilizadas de maneira plena, nenhum ocupante poderá se distrair com as funções de... motorista.
Para ser plenamente interativo, o automóvel terá de andar sozinho. Luca Delgrossi, diretor de direção autônoma da Mercedes, aponta que os carros estão percorrendo só o primeiro de um total de quatro níveis para se tornarem 100% autoconduzíveis.
"No primeiro, o automóvel está apto a controlar itens como velocidade, manutenção de faixa e frenagem. O segundo inclui situações mais complexas, como trocas de faixa, curvas e ultrapassagens, mas ainda depende da atuação do motorista por quase todo o tempo. No terceiro, o veículo anda sozinho por bons períodos, mas o condutor ainda precisa estar alerta para assumir a direção quando necessário."
É só na quarta fase, portanto - aquela em que o carro terá plena capacidade de se autoconduzir e os passageiros poderão, então, se ocupar com qualquer outra atividade que não seja o trânsito -, que todas essas inovações serão aplicáveis. Quando isso acontecerá? "Certamente não antes de 2025", previu Joseph Fagan, especialista em navegação da Mercedes para os EUA.
Fonte: UOL Carros, agosto de 2016