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Carros elétricos causam mais enjoo, mas ciência já tem solução para isso

À medida que os carros elétricos se popularizam, também cresce a percepção de que esses veículos provocam mais enjoo do que carros a combustão. Mas não é só impressão: já há consenso de estudiosos quanto ao fenômeno. Curiosamente, porém, a culpa não é só da aceleração muito maior dos EVs.

O principal motivo para o enjoo maior nos carros elétricos é a confusão causada pelos movimentos do veículo, que são ligeiramente diferentes do convencional. Isso inclui a aceleração mais sensível ao toque do pé direito e a frenagem regenerativa — que desacelera o carro através do efeito que, simultaneamente, recarrega as baterias —, apontam a maioria dos estudos. "O enjoo acontece quando há uma incompatibilidade sensorial", explica o neurologista Saulo Nader. "Quando o cérebro recebe informações desencontradas dos olhos, dos ouvidos e do corpo, surgem sintomas como náusea, tontura, suor frio e, em casos mais graves, vômito".

Segundo o médico, o corpo humano tem uma memória motora, que cresce à medida que a pessoa anda de carro. Essa memória é capaz de reconhecer padrões de movimento dos veículos e, internamente, compensar o mal-estar. Além dos movimentos bruscos, outro fator de grande impacto nos ocupantes de um EV é o barulho do carro (ou a falta dele). Isso acontece porque, junto da aceleração, o ronco do propulsor ajuda o corpo a entender o deslocamento do veículo. Sem o estímulo sonoro, a confusão do cérebro só aumenta.

"É sabido que a capacidade do corpo antecipar um movimento pode mitigar a náusea induzida por essa variação", diz um estudo com participação da Ford. "Quem dirige raramente enjoa porque antecipa o movimento. Ele sabe quando vai frear, virar ou acelerar", corrobora Saulo Nader.

Soluções já existem

Havendo poucas dúvidas quanto ao risco ampliado de enjoo nos carros elétricos, as marcas já trabalham em busca de soluções — com diversas alternativas já em lançamento. A Nissan, por exemplo, apresentou a tração integral e-4ORCE em seus EVs mais novos: o sistema é capaz de distribuir o torque entre as rodas em tempo real, a fim de minimizar vibrações incomuns em veículos a combustão. Os japoneses afirmam, inclusive, que a tecnologia também é boa para os animais, que registraram diminuição equivalente no enjoo.

No caso do Xiaomi YU7, a fabricante acrescentou um "modo enjoo", que também ajusta suspensão e pedais do SUV. O sistema pode ser ativado na multimídia e reduz em 51% os episódios de vômitos, alega a marca.Enquanto isso, quem já anda de carro elétrico pode recorrer ao truque relato pela Universidade de Nagoya e que vale para qualquer um, sem recorrer a medicamentos.

Segundo os pesquisadores, a solução é ouvir um barulho constante a 100 Hz por um minuto, logo antes de começar a viagem. O som pode ser reproduzido no YouTube de um celular, preferencialmente com fones de ouvido. "Um único estímulo sonoro pode ativar amplamente o sistema vestibular. Os resultados do estudo sugerem que a ativação dos nervos simpáticos (frequentemente desregulados durante a náusea) foi melhorada pelo som", disse Masashi Kato, um dos líderes da pesquisa.

Não à toa, marcas como Mercedes-Benz, BMW e Hyundai já vêm utilizando roncos artificiais de motores em seus modelos elétricos. Enquanto isso, pesquisadores como os da Universidade de Michigan testam ideias ainda mais ousadas; entre elas, cintos de segurança que apertam os ocupantes em lugares específicos, a fim de "desconfundir" o corpo e evitar a náusea (e o que vem depois).

UOL Carro do futuro, 30/07/2025

Categoria: Geral


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