Depois de concluir a fusão com a PareBem, que era controlada pelo Pátria Investimentos, e se consolidar como o segundo maior grupo de estacionamentos do país, a Indigo Brasil se prepara para deslanchar seu plano de expansão. Um dos principais focos são concessões públicas, disse Thiago Piovesan, presidente da companhia combinada.
Nesse tipo de contrato, a Indigo se interessa em especial pela Zona Azul, ou seja, os estacionamentos nas ruas, chamados no setor de “on-street”.
O negócio entre a Indigo e PareBem - segunda e terceira maiores empresas do setor de estacionamentos - foi anunciado no fim de junho e aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no início deste mês. Juntas, devem responder por um faturamento na casa de R$ 1,2 bilhão neste ano e um total de 350 estacionamentos no país ou 330 mil vagas. A Estapar, líder no mercado brasileiro, encerrou o segundo trimestre deste ano com 441.488 vagas.
A empresa combinada será controlada pelo grupo francês Indigo, com 55% do capital, sendo o restante de propriedade de um fundo administrado pelo Pátria Investimentos. A companhia continuará usando a marca Indigo.
Piovesan contou que embora a empresa tenha operações “on-street” em diversos países, o passo nesta direção não havia sido dado no mercado brasileiro. Junto da PareBem, o grupo agora tem concessões de estacionamentos em vias públicas em sete cidades - Atibaia (SP), Araguari (MG), Catalão (GO), Dourados (MS), Poços de Caldas (MG), Rio Verde (GO) e Uberaba (MG).
“A gente não tinha entrado ainda no modelo de Zona Azul porque estávamos esperando um amadurecimento maior do setor, que chegou agora com o projeto de São Paulo [operado pela concorrente Estapar]”, disse o executivo. A Estapar venceu no fim de 2019 licitação para operar a Zona Azul da capital paulista por 15 anos. Ao todo, a companhia opera o serviço em 18 cidades no país.
A Indigo criou uma unidade apenas para olhar os projetos de concessões, chamado Smart City. A ideia é focar também em projetos como parques - hoje, o novo grupo opera os estacionamentos do Ibirapuera e do Villa Lobos, ambos em São Paulo. “(A nova unidade) vem justamente com foco de gestão dedicada para abordar esse tipo de mercado, licitações de maneira geral”, disse.
“Vamos trazer a expertise de lá de fora para cá. E, sim, vamos participar mais intensamente das rodadas que vão surgir”, acrescentou, sobre futuras concessões. O negócio de “on-street” hoje representa menos de 1% do faturamento do grupo aqui no Brasil - já considerando a fusão.
As operações de Indigo e ParaBem são complementares. Enquanto a primeira é forte na operação de estacionamentos em hospitais e clínicas (e tinha uma menor exposição em aeroportos, como Guarulhos), a PareBem tem uma expertise maior nos terminais aeroportuários e em concessões.
Piovesan disse que o setor de estacionamentos dá bons sinais no Brasil, depois de ter sido impactado pela pandemia. Segundo ele, ao se olhar apenas a operação da Indigo, a empresa já se equiparou ao período anterior à crise sanitária - levando em conta também a inflação do período. Globalmente, o grupo Indigo fechou 2021 faturando € 556,2 milhões, queda de 17% na comparação com 2019. A empresa opera em nove países, contando com o Brasil.
Segundo o executivo, há ainda um amplo espaço de crescimento no mercado brasileiro, onde estacionamentos independentes ocupam uma fatia relevante. Hoje, disse, é difícil até definir o tamanho do mercado ao se levar em conta também vagas em estabelecimentos do varejo e supermercados.
O grupo estuda oportunidades para operar estacionamentos de bicicletas e patinetes. Na França, a empresa tem operação própria desses dois modelos. Ser dono de um negócio desses, entretanto, estaria fora do radar por aqui. “No Brasil, é melhor a gente ter um parceiro forte, específico e especializado no item e juntos a gente consegue trabalha em um plano de integração”, disse. Dentro da mesma lógica de conectividade, a empresa tem uma parceria com a BeepBeep, de compartilhamento de carro elétrico.
Valor Econômico - Empresas - SP - 15/09/2022