Depois de esperar quase 30 anos pela informatização da Zona Azul, que substitui os talões de papel por cartões digitais, o campineiro passará a conviver para valer, a partir da próxima segunda-feira, com o novo sistema de estacionamento rotativo, que, na prática, já chega envelhecido. A não ser pela extinção do antigo modelo impresso - vendido por cambistas, gatunos, oportunistas e atravessadores, sem qualquer fiscalização da Emdec - pouca coisa mudou. O sistema de cobrança continua o mesmo, gerando as mesmas críticas de antes. A rigor, a digitalização do serviço criou dificuldades adicionais aos usuários, como a obrigatoriedade do pagamento antecipado por créditos, com valores superiores aos R$ 4 cobrados pela parada de uma, duas ou cinco horas, conforme o local.
Nossa reportagem foi às ruas para ouvir a opinião dos usuários e quase todos foram unânimes em criticar a cobrança de um valor mínimo - que varia de R$ 20 no cartão de crédito, R$ 30, no Pix ou de incríveis R$ 100 para quem escolher pagar com boleto. Não há razão para tamanha afronta ao usuário, que será obrigado a antecipar o pagamento para estacionar o seu veículo, levando à geração de receita antecipada à Emdec. Pior do que isso é a justificativa apresentada pela empresa, que não vê nada de errado nisso, dado que o saldo é válido por período indeterminado, podendo ser consumido a qualquer tempo. Sim, resta perguntar ao cidadão de outro município ou de Campinas que circule pouco pelo Centro: Tal justificativa é satisfatória? Certamente, não.
Além disso, o sistema carece de pontos de comercialização de cartões digitais. Até agora, somente 15 locais estão autorizados a vender a Zona Azul Digital, o que cria uma enorme dificuldade para aqueles que não dispõem de celulares ou habilidade para manuseio de aplicativos. Além disso, o interesse dos comerciantes pelo credenciamento de pontos de venda tem sido pequeno, dado que a remuneração é muito baixa, segundo eles. Para finalizar, com toda a tecnologia disponível atualmente, a Emdec não conseguiu criar um modelo mais justo ao consumidor, que permitisse o pagamento proporcional pelo tempo efetivamente utilizado. O usuário continua obrigado a pagar R$ 4 pela hora cheia, mesmo se estacionar por um período inferior ao adquirido. Um absurdo completo.
De todo modo, é bom ficar atento, porque a Emdec voltará a autuar na Zona Azul e o infrator terá de pagar R$ 195,23 de multa, além de levar cinco pontos na CNH e ainda ter o veículo removido ao Pátio Municipal.
Correio Popular - Campinas - 16/09/2022