Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que um carro elétrico no Brasil possa ser utilizado sem dor de cabeça no dia a dia, mas a isenção do Imposto de Importação e medidas como liberação do rodízio em cidades como a de São Paulo prometem ampliar a discussão e, mais importante, o uso no país. Para o motorista, também há vantagens e dúvidas: o custo de abastecimento é muito favorável, indo de zero a R$ 3 reais; também é menor o custo de manutenção (sem revisão de fluidos - óleo, água -, velas e cabos, é preciso atentar aos freios, suspensão e motor rotineiramente); por outro lado, o preço inicial é sempre alto.
Ainda faltam, segundo os próprios fabricantes ouvidos por UOL Carros, a liberação de um IPI específico (atualmente, elétricos pagam a faixa mais alta) e criar a estrutura de carga, fatores que pesam a ponto de ainda inviabilizar o uso pelo público geral. De toda forma, vamos à pergunta: como seria o uso diário do elétrico? Você estaria preparado para esta visão do futuro?
Para respondê-la, usamos o Nissan Leaf durante cinco dias. A escolha se deu por ser o modelo com maior base de teste no Brasil: atualmente, são 15 unidades como táxi no Rio (RJ), oito na capital paulista e mais alguns carros em outras atividades (dois emprestados aos Bombeiros e PM do RJ já foram devolvidos). É também um modelo com grandes chances de ser fabricado no país.
Bomba elétrica e cartão de débito
Vamos deixar claro: neste momento, carros elétricos servem apenas para quem faz percursos urbanos. Se você roda 50, no máximo60 quilômetrosdiários, tudo bem. Acima disso, é preciso tomar cuidado com o trajeto, já que tudo o que o carro faz (andar, piscar luzes, acender faróis, conectar-se a um celular, tocar a música de uma estação de rádio e, sobretudo, refrigerar o ar da cabine) gasta energia. Há o bônus do ato de frear, que ajuda a recuperá-la, se a frenagem for dosada.
Com isso esclarecido, aos fatos: o elétrico seria útil para quem trabalha de carro todo dia e pode recarregá-lo em casa ou no trabalho. A carga tradicional, de aproximadamente oito horas, exige uma tomada 220V com adaptador. Mas há uma maneira mais rápida e prática de fazer a recarga. Os chamados pontos de carga rápida (440V).
Na "vida real", todo dono de elétrico teria este "cartão inteligente", que identifica o motorista e cobra o valor da recarga automaticamente da conta corrente ou fatura de luz. É assim em países com serviço de carro elétrico difundido.
No Brasil, por ora, não há cobrança, já que tudo está em fase de teste. Ou seja, se alguém tiver um carro elétrico agora e decidir carregar na rua (são cinco pontos "públicos" em São Paulo, oito na cidade de Campinas e dois no Rio) poderá fazê-lo de graça. Se preferir os poucos shopping centers com vagas para elétricos, pagará apenas o preço do estacionamento.
Mas o custo ainda é baixíssimo na comparação com o de combustíveis comuns: pelos valores determinados pela operadora de energia do Estado (Eletropaulo, Light etc.), a recarga de 18 kW do Nissan Leaf sairia por pouco menos de R$ 3 - permitindo rodar cerca de150 km. No final do mês, aproximadamente R$60 amais na conta de luz (considerando a média de recargas no ponto público feita por taxistas atualmente).
Fonte: UOL, 6 de fevereiro de 2016