Por Jorge Hori*
Com a crise econômica, a utilização de carros na cidade de São Paulo teria diminuído: não tanto, pelo que se pode constatar com a persistência dos congestionamentos.
Haveria com isso uma redução na demanda dos estacionamentos pagos, com impactos diferenciados. Alguns continuam altamente demandados e outros já sentindo fortemente o efeito da crise, com muitas vagas disponíveis.
Pesquisas realizadas pelo Sindepark indicam que as razões principais para a escolha do estacionamento são a proximidade do destino e a segurança. O preço é um fator secundário, embora tenha peso na escolha.
Isso significa que, se alguém vai a um escritório num edifício corporativo com estacionamento no próprio prédio, fica logo nesse, sem ficar procurando por outro. Os avulsos não são usuários frequentes. Os frequentes poderão buscar alternativas para uma segunda visita ser acharem os preços muito altos.
Há um segmento que busca o estacionamento pelo preço. Para os motoristas pertencentes a ele, a primeira opção é buscar uma vaga em via pública, seja gratuita ou zona azul. Só quando não a encontram nas proximidades do seu destino buscam o estacionamento mais barato e próximo. Diante da crise, a sua opção é usar mais o transporte coletivo.
Quando os estacionamentos estão próximos ao polo de destino e há diferenças de preços, o usuário tenderá a preferir o mais barato. Mas também depende da localização do estacionamento, principalmente se estiver em rua de grande movimento, com mão única. Se perder a entrada de um estacionamento mais barato terá dificuldade em retornar.
Os usuários mais “modernos” já consultam previamente a existência dos estacionamentos e os preços. Esses aplicativos servem também para os gestores dos estacionamentos ajustarem os seus preços.
As condições de concorrência são específicas em função do polo de destino, da oferta de estacionamentos nas proximidades, da impressão de segurança e dos preços. A disponibilidade de cartões de crédito ou débito, cartões de descontos são fatores complementares.
As condições diferenciadas de demanda não provocarão redução generalizada de preços, mas sim diferenças maiores entre os preços máximos e médios. O que significa uma baixa maior nos preços mais baixos.
Os estacionamentos que baseiam a sua demanda nos preços terão que baixá-los cada vez mais, enquanto os baseados na proximidade aos destinos tenderão a manter os preços elevados.
A continuidade da crise, no entanto, reduzirá as demandas dos destinos, com a desocupação de escritórios, consultórios e outros. Ou a transferência de locais com níveis de locação altos para outros de menor custo.
Para os estacionamentos pagos a movimentação mais importante a ser acompanhada é dos destinos. A busca de um estacionamento é sempre uma necessidade secundária em função da busca desse destino. Para fins de trabalho, de reuniões, de vendas, de consultas e outras necessidades ou razões.
* Jorge Hori é consultorem Inteligência Estratégicae foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.