Parking News

Reflexões sobre o que é estacionamento caro

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Por Jorge Hori*

As notícias divulgadas pelos informativos Parking News sobre os problemas de estacionamento em cidades do Interior se concentram na falta de vagas em vias públicas e dificuldades de implantação de estacionamentos rotativos, também em vias públicas.

A visão do problema de estacionamentos é dada também por um falso indicador que é resultado da divisão da frota emplacada numa cidade pelo número de vagas em vias públicas. No caso de Salvador, na Bahia, esse seria de 80 carros por vaga. Pode parecer um número impressionante, mas não significa nada. Em primeiro lugar, toda frota de carros de uma cidade está estacionada em algum local. Em algum momento do dia, o carro está parado em algum lugar. Não existe, a menos de uma absoluta excepcionalidade, um carro circulando 24 horas por dia. Tampouco o carro pode ser volatilizado. É um bem físico que precisa de um espaço para ficar estacionado.

Em qualquer cidade há sempre mais espaço para estacionamento do que a frota precisa. O problema não é a cidade, como um todo, ou melhor, o município, que consta de estatísticas oficiais de emplacamento. É de localidades onde há maior demanda de funções urbanas, como morar, trabalhar, estudar, comprar e outras, as quais as pessoas querem acessar de carro e o número de vagas em via pública é inferior à demanda.

Nesses casos, o motorista vai buscar uma vaga em local mais distante do seu destino e faz o trajeto adicional a pé. E sempre encontra, dada a diversidade de concentração de atividades numa cidade. O problema para ele é a distância que tem de percorrer a pé. Daí a reclamação e a sensação de que não existem vagas suficientes. Efetivamente, não existem nas áreas de maior demanda.

As prefeituras nas cidades médias têm buscado a solução através das vagas rotativas, para uso por até duas horas (em geral) e cobrança pelo uso, mediante diversas modalidades e tecnologias. A implantação é sempre recebida por reações contrárias dos motoristas que desenvolveram uma cultura de que estacionamento em via pública é um direito dele e obrigação pública. Cobrar pelo uso da via pública é percebido como uma afronta aos seus direitos e passível de contestação jurídica. Isso foi muito comum, mas atualmente, embora não inteiramente pacificada, a cobrança por tempo limitado tem sido aceita judicialmente. Porque atenderia a um número maior de pessoas que buscam o mesmo local para estacionar o seu carro. Seria entendido com uma razão de justiça social.

Por outro lado, o estacionamento rotativo atende aos lojistas de rua, para os quais vagas próximas do seu estabelecimento são um importante elemento de atratividade para o seu negócio. Vale também para demandas de curto prazo, como consultas, visitas ou reuniões curtas. Não atende às necessidades de estacionamento para permanência em trabalho, aulas e outras atividades de maior duração.

Em alguns casos, as vias com estacionamento rotativo são pouco usadas, porque os motoristas se recusam a pagar o valor e buscam vias de uso gratuito, embora mais distantes do seu destino.

Uso ou não de estacionamento passaria a ser comandado por fatores econômicos. O que ocorre mais usualmente em grandes cidades.

Nessas, a alternativa são os estacionamentos pagos, em geral, com preços considerados exorbitantes pelos usuários. Muito reclamam, mas pagam e encontram vaga. Encontram porque outros se recusam a pagar, achando muito caro.

Mas o que é estacionamento caro? O que é cobrado ou o que não existe?

Esse é o grande dilema das autoridades e do mercado.

 

 

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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